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Critíca drama

Astros de Hollywood e trama realista não salvam longa

CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHA

A reunião num filme de Ryan Gosling, Bradley Cooper e Eva Mendes pode parecer uma mistura infalível. Para decepção dos fãs, os dois mais irresistíveis astros da Hollywood de hoje trocam apenas tiros numa cena decisiva, e a opulenta Mendes fica escondida num papel de mulher maltratada pela vida.

"O Lugar Onde Tudo Termina" desperta expectativa após a ótima impressão deixada por "Namorados para Sempre", longa anterior do diretor Derek Cianfrance.

Sua visão pessimista continua à frente desse retrato da vida na América profunda, em que criminalidade, corrupção, subemprego e drogas são as forças determinantes.

As primeiras cenas com Gosling, que interpreta o motociclista Luke, evocam o mesmo tipo estranho e sedutor vivido pelo ator em "Drive". Vagando pelos confins do país, Luke reencontra uma antiga transa e tempos depois descobre que ela teve um filho dele e decide fazer assaltos para sustentá-los.

Cooper faz o policial intrépido que, em contraponto com a trajetória de Luke, expõe a corrupção de colegas e se torna um homem público.

Enquanto isso, Mendes entra em cena de vez em quando para alinhavar os elos, mas sua personagem quase nunca escapa da síndrome de vítima dos homens.

A preferência pelo lado sombrio, de exposição da subumanidade, aproxima o filme dos grandes dramas de cineastas como Sidney Lumet nos anos 1970. A opção por fotografia em tons escuros aproxima "O Lugar Onde Tudo Termina" dessa tradição.

Por outro lado, a atenção à complexidade, com histórias que se interrompem brutalmente e adiante ressurgem em outra configuração, aponta um desejo de diferenciação face ao modelo reinante no cinema hollywoodiano atual.

Nada disso, porém, assegura um resultado convincente. O filme se apoia numa moral antiquada, em que o sangue transmite o crime de pai para filho, e os personagens têm espessura calculada segundo manuais de roteiro. Além disso, não dá mais para acreditar em realismo obtido com câmera na mão.


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