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Último filme de Walmor Chagas encerra competição em Gramado

Em 'A Coleção Invisível', filmado em 2011, ele interpreta fazendeiro cego que escolhe se isolar

História da produção reflete parte da jornada do diretor Bernard Attal em busca do ator, que se suicidou em janeiro

CESAR SOTO DE SÃO PAULO

A viagem que o diretor Bernard Attal, 49, fez para convidar o ator Walmor Chagas para participar de seu filme se assemelha à própria história de "A Coleção Invisível".

Na produção, filmada em 2011, Beto, o protagonista vivido por Vladimir Brichta, envereda pelo sul da Bahia atrás de um fazendeiro (Walmor) que pode ter desenhos valiosos em sua coleção.

"De uma forma estranha, a minha viagem pareceu a do Beto. Foi superdifícil", conta o diretor. Ele teve de enfrentar o morro onde ficava a casa de Walmor, em Guaratinguetá (SP). "Ele morava na última casa, lá em cima. O carro não conseguia subir."

Outra semelhança reside na visão do fazendeiro e do ator. Ou na ausência dela. "Quando cheguei, não percebi que Walmor estava cego. Ele se movimentava muito bem", diz Attal. O roteiro foi lido para o ator pelo filho do caseiro da propriedade, que disse, ao acabar: "Esse filme vai ser bom, seu Walmor".

O longa, que encerra o Festival de Gramado na noite de hoje, é o último trabalho do ator, que cometeu suicídio em janeiro de 2013, aos 82 anos. Para o diretor, a participação no festival é uma forma de homenagear Walmor, nascido no Rio Grande do Sul.

"Ele disse que o que o aproximou do personagem, além da cegueira, foi a escolha pelo isolamento", fala Attal.

"A Coleção Invisível" é baseado no conto homônimo do escritor e dramaturgo austríaco Stefan Zweig (1881-1942), que se suicidou em Petrópolis, na serra fluminense.

Attal adicionou dois elementos à história do colecionador de arte: "Primeiro, foi essa busca para se encontrar. Segundo, a presença e a força das mulheres. O autor as retratava como vítimas em todas as suas obras".

TERRA NOVA

Não é só a viagem, porém, que aproxima a história contada no filme, exibido na Mostra de Cinema de São Paulo e no Festival do Rio do ano passado, da vida do diretor, que escreveu o roteiro.

Na trama, o protagonista sobrevive a um evento traumático, larga seu antigo emprego e parte em uma jornada de autoconhecimento em uma terra nova. O mesmo ocorreu com Attal.

Formado em literatura e economia, trabalhou com investimentos na França, país onde nasceu, e nos Estados Unidos. "Morava perto das torres [do World Trade Center] e o atentado [de 11 de setembro de 2001] mexeu muito comigo", conta.

"Fiquei um tempo sem saber o que fazer. Achei o caminho, mas achar não é mesmo que andar", fala ele.

"Demorei cinco anos para decidir que eu gostaria de ser um artista, e não um empresário", diz. Em 2003, abandonou de vez a empresa que havia montado e, dois anos depois, se mudou para o Brasil.

Atualmente, Bernard Attal mora na Bahia, ganhando a vida com cinema e dirigindo peças de teatro.

O cineasta tinha o desejo de contar uma história diferente, para mostrar que mudanças levam tempo e que "são cheias de idas e voltas".

O filme tem lançamento previsto para o dia 6 de setembro em São Paulo, no Rio e na Bahia.


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