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Longa sobre violência doméstica discute o amor entre mãe e filha

'A Mulher do Policial' é dividido em 59 capítulos ao longo de 3h

RODRIGO SALEM ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

Um dos principais temas do último Festival de Veneza foi a violência familiar. E o maior alicerce do evento, ao lado do grego "Miss Violence", foi o alemão "A Mulher do Policial", que passa hoje na Mostra de São Paulo.

O filme não é uma obra de aceitação fácil e requer paciência. Levou o prêmio especial do júri, mas dividiu a crítica com sua estrutura fragmentada e, principalmente, pelo uso de cartelas para dividir o longa de quase três horas em 59 capítulos diferentes.

"Sei que as pessoas adoram estruturas, mas no fim precisam dos capítulos e percebem depois", explica o diretor Philip Gröning. "Quis evitar a armadilha do realismo social, no qual você se senta no cinema e fica perguntando o que teria feito no lugar dos personagens."

O drama conta a história de um jovem casal com uma filha pequena. Ele (David Zimmerschied) é um policial, ela (Alexandra Finder) parece ser uma prisioneira. Em determinados capítulos, há carinho extremo entre os dois adultos. Em outros, o pai surta por qualquer razão e surra a mulher.

"Ele não é um monstro", diz o alemão. "É um homem doente, que está além de qualquer ajuda, incapaz de suportar o fator de alguém gostar dele. É difícil amar, mas, em alguns casos, é mais difícil ser amado."

Essa tragédia germânica é uma experiência que cresce com o passar do tempo.

"Os capítulos proporcionam a distância necessária para o espectador pensar com calma e julgar", analisa o cineasta. "É um filme sobre violência doméstica, mas sobre o amor entre uma mulher e sua filha. Poderia ter acontecido em qualquer lugar, Alemanha, Brasil ou Itália."

O problema é que o julgamento de todo o caso atravessa muitas testemunhas inúteis. Há capítulos simplesmente com um esquilo correndo. Outros com a água de um rio. O clima de mistério, bem manipulado por Gröning, se perde entre esses excessos visuais que nos remete a "A Árvore da Vida", Palma de Ouro em Cannes em 2011. Mas nem todo mundo tem direito a ser Terrence Malick no cinema hoje em dia.


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