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Grupo belga dança música medieval em SP

Espetáculo de um dos nomes mais importantes da dança contemporânea é inspirado por música do século 14

Fundadora da companhia, Anne Teresa De Keersmaeker, lança hoje em SP livro sobre a criação da obra

IARA BIDERMAN DE SÃO PAULO

Os movimentos desenham rosáceas (padrão dos vitrais góticos). A música é medieval. O espetáculo é de uma das mais importantes companhias da dança contemporânea, a Rosas, da Bélgica.

"Cesena", em cartaz no Sesc Pinheiros, é a mais recente criação do grupo fundado pela coreógrafa Anne Teresa De Keersmaeker.

No palco, dançarinos cantam e cantores dançam. E essa união entre voz, corpo e movimento está na origem da coreografia.

"Eu nunca tinha trabalhado com música de épocas anteriores ao século 15", diz Anne Teresa, que dirige o Rosas há 30 anos. "Quando descobri essas obras do século 14, eu me senti em casa. A principal razão para montar o espetáculo é que eu queria trabalhar com essas músicas."

A criação é assinada pela coreógrafa e por Björn Schmelzer, diretor do grupo de música antiga Graindelavoix, da Bélgica. Seis cantores da companhia se juntam no palco a 13 bailarinos para resolver a questão proposta por Anne Teresa: como uma pessoa pode cantar e dançar ao mesmo tempo?

As respostas, em cena, vão dos gestos e movimentos que refazem o trajeto da produção corporal do som à interpretação das fontes históricas das canções.

"A música é de um tempo de crise: guerra, dois papas ao mesmo tempo, a peste. A vida social e política era caótica, foi o começo do fim de uma era", diz Anne Teresa.

Qualquer semelhança com os tempos atuais pode não ser mera coincidência, mas a coreógrafa foge das interpretações fáceis. "É muito simplista comparar uma época com outra", diz.

Hoje, antes do espetáculo, Anne Teresa lança um livro com anotações e entrevistas que ajudam a entender as técnicas e os conceitos que resultaram na coreografia.

Participam do lançamento, em um bate-papo com a coreógrafa, a brasileira Helena Katz, crítica de dança, e a sérvia Bojana Cvejic, musicóloga e coautora do livro.

CONTEMPORÂNEA

Anne Teresa se formou na escola de Maurice Béjart (1927-2007), um dos pais da dança contemporânea.

"Sempre é bom lembrar que as pessoas que moldaram nossa visão sobre a dança --Béjart, Pina Bausch, Merce Cunningham, Michael Jackson-- já se foram", diz Anne Teresa, que será uma das principais atrações da abertura do festival de dança de contemporânea Panorama, neste fim de semana no Rio.

Para ela, dançar é uma das formas mais antigas de expressão e de celebrar nossa humanidade. "Ao mesmo tempo, não há nada mais contemporâneo que o corpo."


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