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Incômodo com a cidade move personagens

'Riocorrente' usa metáforas e triângulo amoroso para falar de crise na metrópole de SP

ÚRSULA PASSOS DE SÃO PAULO

Em "Riocorrente", o diretor Paulo Sacramento ("O Prisioneiro da Grade de Ferro") incendeia o rio Tietê e mistura cenas metafóricas a sequências de um triângulo amoroso que se desenrola na cidade de São Paulo.

Riocorrente é também a palavra que abre o "Finnegans Wake", de James Joyce, na tradução dos poetas concretistas Augusto e Haroldo de Campos.

"Como o livro de Joyce, o filme não termina, o final se junta ao começo. Qualquer momento é bom para começar se a história é cíclica", explica Sacramento.

Renata (Simone Iliescu) se relaciona com o jornalista de cultura Marcelo (Roberto Audio) e com o ladrão de carros Carlos (Lee Taylor). Há ainda o personagem do menino Exu (Vinicius dos Anjos), que anda sempre descalço.

Entre uma cena e outra estão um leão, uma briga de cães, uma montanha-russa, um globo da morte e outras imagens que parecem não fazer parte da história.

"As coisas causam uma sensação, eu não estou preocupado em narrar, mas em mostrar como podem ter significados para personagens e espectadores", afirma o diretor e roteirista.

Carlos caminha pelo centro e imagina-se jogando um coquetel molotov no lugar de uma garrafa d'água.

Segundo Sacramento, os personagens são movidos pelo mesmo desconforto com a cidade que levou às manifestações iniciadas em junho. "O filme não previu isso, ele aconteceu ao mesmo tempo. As coisas começaram a ficar urgentes."

"Talvez o resumo do filme seja esse: as pessoas vão absorvendo as coisas e uma hora vão devolver", diz ele.

Para Sacramento, o longa é guiado pela frase que surge em um filme visto por Renata e Carlos no cinema: "As ideias voltarão a ser perigosas". "Eu queria que o filme fosse o prólogo de alguma coisa. Espero que as ideias voltem a ser perigosas", diz.

"Riocorrente", conta o diretor, não teve nenhuma cena filmada em estúdio. "Não parávamos a cidade para fazer o filme, usávamos São Paulo em movimento".

O filme foi o último trabalho do diretor de fotografia Aloysio Raulino ("Serras da Desordem"), morto em abril.


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