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Prefeitura apura suspeita de desvio de dinheiro do Theatro Municipal

De 2005 a 2009, produto da bilheteria foi repassado para associações de músicos, não para fundo

Ex-secretário municipal de cultura de SP, Carlos Augusto Calil admite a prática, mas nega que seja uma ilegalidade

MATHEUS MAGENTA EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA" FERNANDO MASINI DE SÃO PAULO

A Controladoria Geral do Município de São Paulo investigará a suspeita de uso indevido do dinheiro arrecadado na bilheteria do Theatro Municipal entre 2005 e 2009, durante a gestão do secretário municipal de Cultura de São Paulo, Carlos Augusto Calil.

A gestão atual do teatro não sabe estimar o montante sob suspeita. Neste ano, o teatro já arrecadou R$ 3,2 milhões. A investigação surge em meio a uma crise na instituição, com suspeitas de sabotagem em espetáculos, brigas e protestos contra o diretor artístico, John Neschling.

O pedido para investigar as supostas irregularidades partiu da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, que se baseou em denúncias feitas por ex-músicos do teatro.

Segundo eles, o dinheiro da bilheteria não era depositado num fundo municipal, como manda a lei, mas sim repartido com associações de músicos (Amandra, que reúne integrantes do Coral Paulistano, e APTMSP, de artistas do Municipal).

Para a atual gestão do teatro, há indícios de irregularidade na prática, que servia para driblar a burocracia da máquina pública --criada justamente para evitar corrupção.

Gestores culturais argumentam que as especificidades da área dificultam o cumprimento das exigências de órgãos de controle. E que a contratação de um músico não deveria ter o mesmo nível de exigência da escolha da empresa que construirá uma escola.

Com o uso de uma associação, portanto, fica mais fácil gastar recursos sem precisar cumprir uma licitação.

Há contestações de órgãos de controle sobre práticas semelhantes na Cinemateca e nos museus da Casa Brasileira e da Imagem e do Som.

Ex-gestores do Theatro Municipal (o maestro Jamil Maluf e o ex-secretário Calil) admitem a prática, mas negam qualquer ilegalidade nela.

"Que se investigue. Não há nada de ilegal", diz Calil.

Segundo o atual diretor administrativo do teatro, José Luiz Herencia, os repasses não ocorrem mais. Ele não soube dizer quando cessaram.

"PERSEGUIÇÃO POLÍTICA"

As denúncias que motivaram a investigação partiram de músicos que atuaram no Coral Paulistano, grupo artístico do Theatro Municipal.

Sete deles alegam que sofreram perseguição política por apontarem supostas irregularidades e, por isso, não tiveram seus contratos renovados entre 2010 e 2011.

A pedido do secretário de Cultura, Juca Ferreira, a gestão atual do Municipal apurou nos últimos dez meses se as denúncias procediam. A apuração concluiu que sim, diz o secretário. Os músicos foram reincorporados em outubro. Os documentos serão enviados à Controladoria Geral do Município.

A soprano Dênia Campos, 44, diz buscar explicações para a sua saída após audições em 2010 e 2011. Segundo ela, a causa alegada pela direção da instituição na época foi "problemas na afinação".

"Há dois anos peço ao Municipal a gravação da minha prova e notas da banca", diz.

Campos deixou a Amandra em 2006 por discordar da nova atribuição da associação de gerir a bilheteria. "Não estava de acordo, não era nossa função e disseram que era ilegal."

O tenor Nelson Campacci, 47, também saiu da Amandra por, entre outros motivos, ser contra o repasse da bilheteria. "Éramos tratados como malignos lá dentro", diz.


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