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Festival no Rio traz sons experimentais

O americano James Ferraro, que mistura hip-hop com batidas hipnóticas, é um dos destaques da programação

Em novo álbum, nova-iorquino mescla distorções sombrias com áudios de notícias do 11 de Setembro

DANILA MOURA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Sintetizadores sombrios, distorções de dar medo e trechos de notícias sobre o atentado de 11 de Setembro.

É com esse retrato sonoro perturbador que James Ferraro, 27, traduz a sensação de viver no caos de uma metrópole como Nova York, mote de seu mais recente disco, "NYC, HELL 03:00 AM", lançado em outubro.

Considerado o grande nome da vaporwave ou hypnagogic pop --estilo musical que funde hip-hop com batidas escolhidas para estimular o subconsciente, apropriando-se de samples do pop dos anos 1980 e 1990-- ele vem pela primeira vez ao país como uma das principais atrações do festival carioca Novas Frequências.

Apesar de perturbadora, a receita musical de Ferraro não é dada a sonoridades bruscas. De forma minimalista e com uso dosado de graves, o trunfo do álbum está em transpor o ouvinte para o caos, mas sem batidas pesadas ou apelativas.

Segundo o músico, o novo trabalho foi batizado por conta dos horários em que o disco foi gravado.

"O álbum foi composto entre paradas em terminais de aeroportos. Eu gravei vocais até dentro do táxi! A rotina de viagens e festas regadas a champanhe também deve ter dado algum reflexo nisso tudo", conta.

Quem ouviu "Far Side Virtual", disco de Ferraro de 2011, pode estranhar a falta da sonoridade alegre.

"O disco anterior é sobre como a estranheza e o vazio da vida moderna são preenchidos com uma fachada ilusória criada pelas pessoas, como se vivessem num desenho animado feliz. Da mesma forma como fizeram um mascote como o Fuleco para representar o Brasil", explica o músico, curioso em saber sobre os protestos que estão ocorrendo no país.

SEPULTURA

Durante a conversa com a Folha, em Berlim, Ferraro disse gostar de artistas brasileiros --mencionou várias vezes a banda Sepultura-- e que está ansioso para conhecer a noite carioca.

Nascido no bairro do Bronx, em Nova York, Ferraro estudou sociologia e busca transpor em suas composições as aflições do mundo contemporâneo.

Seu trabalho tem forte influência do rap dos anos 1990, época que marcou Ferraro por conta dos noticiários da Guerra do Iraque.

A Folha conferiu a apresentação do músico em Berlim na galeria de arte Urban Spree, com ingressos esgotados, apesar da divulgação praticamente realizada no boca a boca.

No palco escuro, marcado por projeções e efeitos psicodélicos de luzes, o músico conseguiu transportar o público com maestria para dentro da sua viagem pelas agruras de viver numa cidade caótica.


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