Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Viagem espiritual

Filme mostra Marina Abramovic, a avó da performance, em visita a 'lugares de poder' no Brasil

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES DE NOVA YORK

Depois de subir aos céus, no sábado passado, no ato final da temporada nova-iorquina de "Vida e Morte de Marina Abramovic", a "avó da performance", como ela se intitula, prepara-se para desembarcar no próximo fim de semana em São Paulo.

Abramovic visitará instalações do Sesc, onde fará, em março de 2015, uma grande retrospectiva de sua obra e mostrará trabalhos inéditos.

Ela também vai se encontrar com o diretor de cinema Marco Del Fiol, que prepara com o também diretor Cauê Ito um documentário com lançamento previsto para a época da exposição.

O longa, ainda em fase de edição, foi filmado durante uma viagem de 40 dias da artista pelo Brasil em dezembro do ano passado.

Seguindo a expressão do mexicano Carlos Castaneda em seus livros sobre ensinamentos do índio Don Juan, Abramovic quis conhecer pessoas e lugares "de poder".

"Ela é curiosa em relação a situações que envolvem espiritualidade e formas não tradicionais de conhecimento", diz Del Fiol, que tem em mãos mais de cem horas de filme --registros da viagem, performances e conversas.

A incursão começou por Abadiânia, em Goiás, local em que o médium João Teixeira de Faria mantém a Casa Dom Inácio de Loyola, instituição que funciona como "hospital espiritual". O roteiro seguiu pelo Vale do Amanhecer, em Alto Paraíso, na entrada da Chapada dos Veadeiros, onde se reúne uma comunidade mediúnica.

A seguir, a artista conheceu o Jardim de Maitreya, também em Goiás, e viajou a Salvador.

A capital baiana foi um ponto de descanso e também uma oportunidade para ver igrejas e e rituais de candomblé --o que aconteceu na cidade histórica de Cachoeira, um dos berços da religiosidade afro-brasileira.

A esticada final foi pela Chapada Diamantina, com direito a experiência com ayahuasca, e Corinto, em Minas, a "terra dos cristais".

"Uma das coisas interessantes do filme é o registro dos diários que ela fazia. Ela sentava de olhos fechados diante da câmera e começava a falar", conta Del Fiol, que tem se dedicado nos últimos anos a filmes sobre arte e artistas contemporâneos --do baiano Marepe ao dinamarquês Olafur Eliasson.

Abramovic conhece o Brasil de outros carnavais. Em 1989, visitou as minas de cristais em Marabá --um dos elementos recorrentes em sua obra. Recentemente, em 2011, mostrou trabalhos na galeria Luciana Brito, em São Paulo.

FUNERAL

Conhecida pelas experiências radicais e penosas a que submete seu corpo, a artista, 67, anda obcecada pelo tema da morte. Já planejou seu funeral --uma performance, que prevê três sarcófagos-- e vem apresentando, na Europa e nos EUA, uma peça sobre o tema, que encomendou ao diretor Bob Wilson.

"Vida e Morte de Marina Abramovic", com Willem Dafoe no papel de um sinistro e cômico narrador, repassa a biografia da artista, que entra em cena como ela mesma e no papel da mãe disciplinadora. É uma espécie de culto irônico à própria personagem --autocomplacente, na opinião de alguns críticos-- que termina com sua ascensão, numa cena que remete diretamente ao santo imaginário do cristianismo.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página