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Filmes de arte aderem ao 3D e fazem novo uso da tecnologia
Projeto coletivo "3x3D", que estreia hoje, tem episódio dirigido pelo francês Jean-Luc Godard
Recurso é utilizado de forma mais sutil para dar ênfase a pinturas rupestres e movimentos do balé de Pina Bausch
O filme "3x3D", que estreia hoje, é uma experiência que explora a terceira dimensão no cinema além dos efeitos que o público está acostumado a ver em grandes produções, como aviões que parecem sair da tela ou dragões que cospem fogo.
Produzido pelo português Rodrigo Areias, o projeto é composto de três curtas dirigidos por cineastas que estão fora do circuito comercial: o francês Jean-Luc Godard, o britânico Peter Greenaway e o português Edgar Pêra.
O resultado é uma reflexão de 70 minutos sobre a evolução da tecnologia na história do cinema. Godard, um dos fundadores da nouvelle vague, é o mais provocativo.
O episódio "Os Três Desastres" combina cenas de outros filmes, imagens de arquivo e frases como "o digital se tornará uma ditadura".
A iniciativa é um contraponto ao uso do 3D em produções comerciais. "Ainda há quem diga que o 3D se ajusta apenas a filmes para crianças e de fantasia", diz Edgar Pêra, autor de um dos curtas.
"Acho inevitável que se façam cada vez mais projetos de autor' no formato tridimensional", completa.
Foi o que fizeram os cineastas alemães Werner Herzog e Wim Wenders. No documentário "Caverna dos Sonhos Esquecidos" (2010), Herzog adotou o 3D para salientar pinturas rupestres da Caverna Chauvet, na França.
Wenders explorou o recurso em "Pina" (2011), dando ênfase aos movimentos dos dançarinos da companhia da alemã Pina Bausch.
Em "3x3D", Pêra aborda a experiência do público ao ver um filme, registrando espectadores numa sala. Faz um paralelo com o susto que as pessoas tomaram ao assistir à locomotiva dos irmãos Lumière avançando na tela, nos primórdios do cinema.
"O efeito em que um objeto avança na nossa direção tem algo de infantil. Quando os espectadores se habituarem ao 3D, este deixará de ser uma atração", diz Pêra.
Durante o lançamento de "Gravidade", o diretor Alfonso Cuarón afirmou que grande parte dos filmes em 3D é uma "porcaria" porque não são pensados para o formato.
Pêra gostaria que fosse o contrário: "Espero por filmes pensados em 3D da mesma forma que "Cidadão Kane" foi feito pensando na grande angular [objetiva com um campo amplo de visão]", afirma o diretor.