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Crítica concerto
Osesp abre ano com 'Nona' instável
Em apresentação na quinta na Sala São Paulo, trompetes foram fortes e nem sempre perfeitos
Nem parecia a mesma orquestra que, há três meses, interpretou um inesquecível 'Réquiem' de Mozart
Apresentar a "Nona Sinfonia" de Beethoven (1770-1827) em concerto a preços populares (R$ 15) como aquecimento para a série de assinaturas foi uma boa ideia, ainda mais porque a obra será levada pela Osesp a cinco cidades do interior durante esta semana.
O primeiro concerto, na quinta-feira passada --com muita gente jovem na Sala São Paulo--, entretanto, foi bastante instável. Nem parecia a mesma orquestra que, há menos de três meses, interpretou um inesquecível "Réquiem" de Mozart.
É verdade que o ano começou cheio de imprevistos: primeiramente, o cancelamento do concerto com a participação de Nelson Freire; depois, o imponderável --a morte, em menos de duas semanas, da mãe e do pai da regente titular, Marin Alsop.
A exemplo do que ocorrera em julho passado, quando ela sofreu um pequeno acidente e ficou com o braço direito imobilizado, ela foi substituída pelo experiente Roberto Tibiriçá.
Apesar dos contratempos, no entanto, a "Nona" --para a Osesp-- deveria ser um lugar seguro para recuperar as forças e avançar.
DESVIO
Nos dois primeiros movimentos, as células de acompanhamento estavam demasiadamente presentes, desviando desnecessariamente o foco da escuta dos acontecimentos principais. Trompetes, em especial, estiveram sempre muito fortes --e nem sempre perfeitos.
O terceiro movimento mostrou evolução na sonoridade, um timbre bonito nas cordas e mais equilíbrio entre os naipes, mas ainda faltou projeção aos graves. Destaque para o solo de André Gonçalves na quarta trompa, talvez o melhor momento da noite.
Leonardo Neiva (barítono) roubou a cena entre os solistas no finale: emissão precisa e dicção perfeita, sua voz ocupou a sala e compensou a timidez de soprano, contralto e tenor.
Mas a "Sinfonia Coral" foi, antes de tudo, a sinfonia dos coros: juntos, o Coro Acadêmico (dirigido por Marcos Thadeu) e o Coro da Osesp (dirigido por Naomi Munakata) cantavam timbrados, sonoros e equalizados.
A criação do Coro Acadêmico em 2013 foi, aliás, uma grande conquista, já que --por ter dimensões reduzidas para o repertório sinfônico--, o Coro da Osesp invariavelmente precisava se somar a agrupamentos convidados em obras maiores.
No fim tudo saiu bem, em especial a superposição que Beethoven faz das duas partes da "Ode à Alegria", com o ponto culminante após o longo dó nos sopranos.
Agora é trabalhar para o início da temporada oficial em 13 de março, sem esquecer que (em julho) a orquestra voltará à "Nona" para concertos em São Paulo e Campos do Jordão.
NONA SINFONIA
AVALIAÇÃO regular