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Crítica - Comédia

'A Gaiola Dourada' paparica o espectador cansado do real

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

É possível encontrar em uma produção comercial atual uma série de concessões ao gosto médio, visando agradar o maior número de pessoas, com alguns ingredientes de esperteza trivial para não afugentar aqueles que são um pouco mais exigentes.

"A Gaiola Dourada" apresenta essas concessões em proporção exagerada, e, por isso, o efeito é de um filme todo calculado de modo a paparicar o espectador.

Temos assim uma posição cômoda: o desejo de anestesiar-se da podridão que há no mundo implica em ir ao cinema para ver pessoas simples se reconciliando com os mais variados problemas.

Um casal português vive há anos em Paris, como zeladores de um condomínio chique. Com seus filhos e subempregos, eles vão levando, deixando sempre distante no horizonte aquele "um dia" em que voltarão à terra natal.

José e Maria (nomes que entregam personagens arquetípicos) recebem uma herança deixada pelo irmão de José. Há uma condição para usufruir dessa herança que os tiraria de uma vida de privações econômicas: morar em Portugal. Aí começam as pressões de todos os lados.

A irmã de Maria quer ajuda para abrir um negócio. O patrão de José numa construtora confia na habilidade dele para a construção de um shopping. Os moradores do condomínio não querem abdicar dos serviços do casal.

Desses impasses surgem questionamentos existenciais complexos. Mas tudo é tratado na base da conciliação, para não agredir o espectador cansado de seus problemas na vida real.

Isso é cinema? Não se trata de querer densidade em qualquer filme. Trata-se apenas de acreditar que mesmo o mais puro entretenimento possa trazer consigo uma fagulha de visão de mundo que vá além do consumo fácil.


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