Folha de S.Paulo

Crítica - Documentário

Mediocridade de Justin Bieber é exposta no palco e fora dele

THALES DE MENEZES EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

Para quem não é uma menina de 12 anos não existe um único motivo para entrar no cinema e ver o "documentário" sobre Justin Bieber. Tudo é tão falso e desestruturado que é até temeroso classificá-lo de documentário.

"Justin Bieber's Believe" nem chega a ser um filme. É uma peça publicitária de uma hora e meia. Sem ousadias, alterna imagens de um show em Miami e entrevistas com Bieber, fãs e as pessoas que trabalham com o cantor.

São dois erros. Primeiro: o show não é mostrado na íntegra. Suas admiradoras, é certo, gostariam de ver tudo em detalhes na tela grande.

Segundo: as tentativas de mostrar nos depoimentos que Bieber é um artista talentoso são tiros pela culatra, gerando cenas constrangedoras.

O filme abre com Bieber tocando piano num estúdio. Em outros momentos, ele vai aparecer tocando guitarra e bateria. Só falta uma legenda na tela dizendo: "Veja! Ele sabe tocar instrumentos!".

Na exibição de sessões de gravação, a coisa piora quando Bieber é mostrado passando o vocal. Com fones no ouvido, só ele escuta o instrumental. Quem vê a cena ouve apenas sua voz fraca e desafinada, numa performance simplesmente desastrosa.

Mas o maior constrangimento é a cena em que Bieber fica debruçado em uma mesa, escrevendo a lápis em um caderno espiral.

Várias vezes ele pega uma borracha e apaga um tanto, reescrevendo o trecho. O filme quer nos convencer de que naquele momento ele está escrevendo uma canção.

No show, a constatação: ele não apenas canta mal, ele dança mal. Michael Jackson era um dançarino, Bieber apenas repete três ou quatro passos que aprendeu --um deles imitação clara de Jacko.

Sobra algo bom? A graça de suas pequenas fãs enlouquecidas, uma versão "kids" das plateias da Beatlemania.