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Tudo combinado

23ª edição do Festival de Curitiba busca nova identidade aproximando espetáculos que têm algo em comum

GUSTAVO FIORATTI DE SÃO PAULO

O Festival de Curitiba sempre se vendeu como "uma vitrine do teatro brasileiro", procurando compreender, em sua mostra contemporânea, proposições de todas as regiões do país, assim como o maior número de linguagens.

Mas, com o número de estreias crescendo ano a ano (em São Paulo são cerca de 400 anuais), buscar uma representatividade tão ampla quanto o território nacional pode ser um tiro no pé.

O festival tampouco tem conseguido reunir todos os espetáculos que deseja.

"Um problema recorrente tem sido conciliar as agendas dos espetáculos que queremos trazer; muitos já assumiram compromisso com outras instituições", diz Leandro Knopfholz, diretor do festival.

Assim, esta 23ª edição da mostra, que começa hoje e prossegue até o dia 6, passa a usar um novo critério: abarcar espetáculos que se relacionam ou por causa de um tema, ou por uma linguagem, ou porque investigam o trabalho de um autor.

"Conversamos muito sobre isso", diz Celso Curi, que assina a curadoria com Tânia Brandão e Lúcia Camargo.

"Na edição passada, trouxemos duas montagens para o texto The Pillow Man', e essa experiência nos despertou um certo interesse", diz o curador. "Quando esse tipo de comparação ou diálogo acontece, é possível criar debates, é possível enxergar duas visões diferentes sobre uma mesma obra", conclui.

HOMEM POLÍTICO

O festival investiu, por exemplo, em dois espetáculos que encenam textos do romeno Matéi Visniec, autor que fugiu do comunismo para a França nos anos 1980 e já criou mais de 30 obras.

Com seu olhar sarcástico sobre situações políticas de totalitárias ou democráticas, Visniec abre também discussão sobre o fazer teatral.

Esses recortes podem ser conferidos em "Espelho para Cegos", que tem direção de Márcio Meirelles, e em "2 x Matéi", dirigido por Gilberto Gawronski e que reúne "O Rei, o Rato e o Bufão do Rei" e "O Último Godot".

Dentro dessa mesma lógica, o festival agrupa espetáculos de Shakespeare para uma homenagem aos 450 anos de nascimento do autor.

Das quatro montagens com texto do dramaturgo inglês, duas (uma do Rio e outra de São Paulo) são para "Ricardo 3º". Há também "The Rape of Lucrece" ("o estupro de Lucrécia"), uma adaptação da Royal Shakespeare Company para poema de Shakespeare.

"Muitas vezes o público nem sabe o que é direção. Num caso como o de Ricardo 3º', que tem duas montagens, o espectador que assistir às duas poderá compreender a liberdade que tem um diretor para deixar ali seu olhar", diz Gawronski.

Para o diretor, a mostra está mais política. "Enxergo nos espetáculos escolhidos uma vontade de pesquisar o homem político." Ele se refere a "Concreto Armado", com direção de Diogo Liberato, sobre uma turma de alunos de arquitetura que investiga a estrutura do Maracanã.

Um bom par para essa peça é "Tumba de Cães", que também faz menção a tema do noticiário. Se "Concreto Armado" tem relação direta com os problemas da Copa, "Tumba de Cães" revolve a questão da escassez da água.

CELEBRIDADES

O grupo dos espetáculos internacionais também ganhou corpo. Desta vez, são cinco deles na programação, com produções do Chile, da Argentina e do Reino Unido.

Outro fenômeno: o festival sempre abarcou peças com celebridades, mas, segundo Knopfholz, atores de televisão estão comprometidos com gravações de novelas.

Sobra para o festival reunir os famosos nos fins de semana. "A Toca do Coelho", com Reynaldo Gianecchini e Maria Fernanda Cândido, por exemplo, terá sessões nos dias 5/4 e 6/4.


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