Folha de S.Paulo

Escolher entre dois shows é sina de todo festival

LÚCIO RIBEIRO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Todo ano é a mesma coisa. Vem o anúncio de um grande festival, uma quantidade absurda de bandas agrupadas para um, dois ou três dias no mesmo lugar, muita coisa para ver.

A lista de atrações brilha forte no pôster do evento. É muito artista para ver. Mas não é bem assim.

Caso do Lollapalooza Brasil, o maior festival de rock-pop-eletrônico (às vezes hip hop) do país em ano sem Rock in Rio.

Quando o "line-up" foi anunciado, em novembro, deu aquela repercussão. Quando saiu a escalação por horários no mês passado, quem toca em qual palco e em qual horário, deu aquela chiadeira.

Você quer ver o show atualíssimo e grandioso do grupo canadense Arcade Fire e relembrar o caminhão de hits históricos dos veteranos ingleses do New Order, naquele que pode ser a última oportunidade de ver a banda em ação no Brasil? Esquece: tocam no mesmo horário.

Pensou que no preço do seu ingresso estava embutida a chance de ver o indie espacial do Muse, a dupla de "salvadores da música eletrônica" Disclosure, ambos do Reino Unido, e o bombado rapper americano Kid Cudi? Vai ter que escolher um só.

Festival em qualquer lugar do mundo é assim mesmo. Ou até pior. Do Coachella ao Glastonbury. Do Fuji Festival japonês ao Big Day Out australiano. Uma coisa é mensurar o evento pelas atrações que enfeitam o pôster. Outra coisa é realmente saber o que vai dar para ver. Ou o que vai dar para perder.

O que pegou mesmo no Lolla foi Arcade Fire x New Order. Chegaram até a fazer na internet o abaixo-assinado virtual "Contra Arcade Fire e New Order no Mesmo Horário - Lollapalooza Brasil", com pouco mais de mil assinaturas.

Para ajudar na decisão (ou talvez confundir mais ainda), a Folha convocou seu time que escreve sobre música para palpitar sobre qual show cada um prefere ver entre esses em horários simultâneos.