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Festival de Teatro de Curitiba

Noticiário recente marca 23ª edição de mostra teatral

Espetáculos politizados exibiram atores com microfone em mãos, posicionando-se como palestrantes no palco

Protestos de artistas e provocações ao público foram a tônica do evento, que terminou no último domingo

GUSTAVO FIORATTI ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

Momento pós-manifestações, Copa, 50 anos do golpe de 1964, violência contra a mulher. Problemas brasileiros de toda a sorte visitaram os palcos do Festival de Curitiba neste ano, contribuindo para uma 23ª edição mais politizada e recortada por menções ao noticiário recente.

É um tipo de foco que não tem sido tão comum em mostras pelo país. Edições do festival anteriores a esta reuniram peças com propostas temáticas mais sinuosas e psicológicas, menos afeitas a ir diretamente a um ponto.

Em 2014, os artistas que estiveram em Curitiba pareciam saber sobre o que queriam falar. A mostra, que começou no dia 26 de março e terminou anteontem, reuniu cerca de 230 mil espectadores, segundo sua organização.

O espetáculo "Rózà", de Martha Kiss Perrone e Joana Levi, é um exemplo dentro desse espectro curatorial.

Em um espaço com cerca de 50 metros quadrados, apresentou para plateia de 60 pessoas uma peça-manifesto que revê o assassinato da filósofa polonesa Rosa Luxemburgo (1871-1919), estabelecendo paralelo com as manifestações de 2013.

Na peça, um trio de atrizes dá voz a discursos e cartas de Luxemburgo, concentrando-se especialmente no período em que a filósofa esteve presa por apoiar movimentos revolucionários ou fazer críticas aos governantes alemães.

A peça atravessa paisagens sonoras melancólicas e termina atacando a ordem imposta pelas elites brasileiras.

No espetáculo "BR Trans", o performer cearense Silvero Pereira exibiu imagens de cadáveres de travestis brutalmente assassinados. Em contraponto, não abriu mão de seus solos cômicos ou de entreter (e provocar) o público com dublagens de Maria Bethânia e Lana Del Rey.

Numa lista extensa de acusações e denúncias, "Concreto Armado", dirigido por Diogo Liberato, revê como o governo descaracterizou o Maracanã com reforma que, no ano passado, rendeu ação criminal contra um ex-superintendente do Iphan.

PALANQUE

Esse traço temático acabou tendo reverberações formais no conjunto das obras, com muito uso de microfone em cena, atores se posicionando no palco mais como performers/palestrantes do que como personagens. Neste ponto, há paralelo com dois dos cinco espetáculos internacionais exibidos na mostra.

Em "The Rape of Lucrece", a irlandesa Camille O'Sullivan, acompanhada por um pianista, apresenta poema de Shakespeare em clima de cabaré. A peça será exibida nos dias 12 e 13 no Sesc Pinheiros.

No argentino "Spam", Rafael Spregelburd interpreta um sujeito que perde a memória e, ao acordar sozinho em um quarto de hotel, acaba tomando um spam da malásia como pista para reencontrar sua verdadeira identidade.

O ator, que também é autor do texto, faz o espetáculo olhando diretamente para a plateia. Como se estivesse sobre um palanque.


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