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Morre David Libeskind, 85, autor do Conjunto Nacional

Arquiteto criou marco da cidade de São Paulo ao vencer concurso em 1954

Prédio na avenida Paulista é considerado símbolo da transição de uma capital rural para a metrópole de hoje

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

Morreu anteontem, aos 85, David Libeskind, arquiteto que desenhou o Conjunto Nacional. Teve infecção pulmonar e insuficiência cardiorrespiratória. Sofria do mal de Parkinson havia 20 anos.

Nascido em 1928 em Ponta Grossa, no Paraná, Libeskind estudou artes plásticas com o modernista Alberto da Veiga Guignard em Belo Horizonte e depois se radicou na capital paulista, onde construiu grande parte de seus projetos como arquiteto.

Uma obra que criou em 1954, aos 25 anos, o Conjunto Nacional se tornou um dos maiores marcos arquitetônicos de São Paulo, deslocando o eixo comercial da cidade do centro para a Paulista.

Erguido em paralelo ao edifício Copan, projeto também dos anos 1950 de Oscar Niemeyer, a maior construção de Libeskind também marcou o momento da transformação de uma São Paulo ainda provinciana em metrópole.

"Esse é o grande ícone de uma arquitetura metropolitana", diz Guilherme Wisnik, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. "É um verdadeiro paradigma do edifício moderno inserido na cidade, verticalizado e com térreo comercial."

Em sua última entrevista à Folha, há seis anos, Libeskind lembrou o momento em que desenhou o Conjunto Nacional diante do empresário que encomendara a obra.

"Ele deu papel em branco e disse o que queria. Minha sorte foi que ele era doido."

Ou visionário. Nas palavras do arquiteto Rodrigo Loeb, o Conjunto Nacional "representa o que a cidade deveria e poderia ser em termos de generosidade, fluxo, ritmo e gentileza urbana".

Embora tenha surgido há 60 anos, o desenho de Libeskind ainda mantém sua atualidade. "É uma concepção de cidade que estamos valorizando muito hoje", diz Ana Luiza Nobre, professora da PUC do Rio. "Sua obra máxima é um edifício vivo, atravessado pela cidade."

Essa ideia de uma circulação cruzada, plantas abertas e divisões inteligentes entre espaços públicos e íntimos também marca o grande número de casas que desenhou.

Além do Conjunto Nacional, Libeskind também construiu edifícios residenciais, a maioria deles no bairro de Higienópolis, como o Arper, o Arabá e o Buenos Aires.

Mas seus projetos mais comerciais, como os prédios de apartamentos e as casas que construiu por encomenda, ficaram à sombra de seu gigante na avenida Paulista --embora também tenham soluções inventivas para as plantas e até certa ousadia no uso de materiais.

Libeskind deixa dois filhos, Cláudio e Marcelo, e netos.


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