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Próximo volume da Coleção Folha relembra a fase mais pop de Elis
No álbum 'Ela', de 1971, cantora se aproxima ao público jovem
Caetano Veloso, Ivan Lins, Marcos e Paulo Sérgio Valle, Baden Powell e Paulo César Pinheiro são alguns dos compositores que Elis Regina canta em "Ela", álbum que a Coleção Folha leva às bancas no próximo domingo (dia 27).
O disco foi lançado em abril 1971, um ano de grande popularidade para a gaúcha, que fazia muitos shows no eixo Rio-São Paulo e tocava no rádio à exaustão.
Ela também apresentava, com Ivan Lins, o programa de TV semanal "Som Livre Exportação", na Globo.
Do co-apresentador (e de Ronaldo Monteiro de Souza), aliás, ela gravou e lançou em compacto "Madalena", que disputou com "Jesus Cristo", de Roberto Carlos, o topo das paradas de sucesso.
O samba moderno foi incluído em "Ela", álbum de toada pop e próximo ao público jovem. A dupla de compositores assina também a faixa de abertura, a animada "Ih! Meu Deus do Céu", com congas e tumbadoras.
De Caetano Veloso, Elis canta "Cinema Olympia", que Gal Costa já gravara, e "Os Argonautas", em arranjo discreto, com piano, órgão e baixo.
A tentativa da cantora de se aproximar do público jovem fica clara em "Black Is Beautiful", soul music dos irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle.
A letra é uma delícia, e Elis usa um coro gospel para cantá-la: "Hoje cedo na rua do Ouvidor/ quantos brancos horríveis eu vi/ Eu quero um homem de cor/ um deus negro do Congo ou daqui".
Baden Powell e Paulo César Pinheiro contribuíram com "Falei e Disse" e "Aviso aos Navegantes", ambas tratando da vingança amorosa.
"Golden Slumbers", de John Lennon e Paul McCartney, também foi uma surpresa, já que Elis havia combatido ativamente o rock na década de 1960. Pela mesma razão, "Mundo Deserto", de Roberto e Erasmo Carlos, surpreendeu. Elis já não era, definitivamente, uma cantora de sambas.