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Lee Jones mostra seu faroeste feminista

No filme exibido em Cannes, o ator e diretor americano faz estudo sobre origens do tratamento dado às mulheres

'The Homesman', estrelado por Hilary Swank, inverte gênero ao colocar uma heroína como protagonista

RODRIGO SALEM COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE CANNES

Tommy Lee Jones é uma lenda nos bastidores de Hollywood. Famoso por seu péssimo humor em entrevistas, o ator chega a intimidar os próprios colegas com seu jeito mais rústico.

Mas Lee Jones provou em Cannes --festival de cinema que acontece até o dia 25 na cidade da França-- que tem um lado sensível: seu segundo filme como diretor, "The Homesman", exibido no sábado (17), é um surpreendente faroeste feminista baseado no livro homônimo de Glendon Swarthout.

"Não usamos essa palavra... Como é mesmo? Ah, faroeste. Nem sei o que isso significa", alfinetou o diretor e ator americano na primeira entrevista depois da estreia mundial do longa.

"Fizemos apenas o melhor filme que pudemos, não houve preocupação sobre fazer parte de um gênero."

A história de "The Homesman" gira em torno de Mary Bee Cuddy (Hilary Swank), uma mulher prendada, religiosa e inteligente que procura desesperadamente por um marido nos territórios inóspitos do Nebraska, no início do século 19, durante a expansão americana em direção ao Pacífico.

Ao salvar o bandoleiro George Briggs (Lee Jones) da forca, ela o recruta para uma missão recusada pelos homens de sua vila: transportar três mães (Miranda Otto, Sonja Richter e Grace Gummer), que sofrem distúrbios mentais por causa de tragédias familiares, para a costa leste, onde serão tratadas.

"Esse filme é todo invertido. A começar por ter uma mulher como protagonista e não o velho herói cinematográfico", explica Lee Jones, que vê no tema um estudo das origens do tratamento dado às mulheres. "Não há uma mulher aqui nesta sala que não tenha se sentido tratada como um objeto. Isso existe até hoje. Essas raízes precisam ser estudadas."

Fotografado pelo mexicano Rodrigo Prieto ("O Segredo de Brokeback Mountain"), o longa traz as lindas paisagens que o gênero adota, mas é um exemplar distorcido de faroeste, com implicações psicológicas, morais e feministas.

"Achei que o filme era apenas cavalgar e tirar neve do caminho", brincou Hilary Swank. "É a visão da América que não conhecemos. É como filme de Kurosawa, exótico. Não sabia o quão era difícil para essas mulheres da conquista do oeste. Só conhecemos o sonho americano, então é bom conhecer a verdade que veio antes dele", filosofou o produtor francês Luc Besson.

SÁBADO

No sábado, o grande destaque da competição ficou com "Saint Laurent", segundo filme no ano sobre o estilista Yves Saint Laurent.

Dirigido por Bertrand Bonello ("Na Guerra"), o longa concentra-se nos anos selvagens do estilista (interpretado por Gaspard Ulliel), no fim dos anos 1960 e meados dos 70, quando produziu coleções que viraram referências para as mulheres modernas, se envolveu com um modelo (Louis Garrell) e se afundou nas drogas.

"O fato de não termos apoio de ninguém ligado a Yves Saint Laurent me libertou para ir a fundo na verdade", disse Bonello.

Em seguida foi a vez do italiano "Le Meraviglie", único representante do país que arrebatou o Oscar de filme estrangeiro neste ano --o vencedor foi "A Grande Beleza", de Paolo Sorrentino.

A produção comandada por Alice Rohrwacher é uma delicada obra sobre uma família de apicultores que confia no bom senso de uma menina de 12 anos para cuidar dos negócios e da casa.


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