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Animação vive fase especial no Brasil, dizem produtores

Diretor Walter Salles vai produzir um desenho baseado em 'A Arca de Noé'

Filmes do país estão mais competitivos, mas falta de cursos bons de formação aqui ameaça a evolução do gênero

DE SÃO PAULO

A maior presença de animações brasileiras nesta edição do Festival de Annecy, na França, é a ponta de uma indústria que engatinha, mas começa a se estabelecer.

No período de 1995 a 2003, foi lançado apenas um longa de animação nacional. Nos últimos dez anos foram 12, segundo a Ancine (Agência Nacional de Cinema). Em 2014, outros nove projetos se inscreveram para buscar financiamento via edital do BNDES.

O diretor Walter Salles ("Central do Brasil") anunciou que produzirá uma animação em parceria com os irmãos Caio e Fabiano Gullane (produtores de "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias"). Trata-se de "A Arca de Noé", inspirado nos poemas infantis de Vinicius de Moraes (1913-1980). Deve ser dirigido e roteirizado por Sérgio Machado.

"O atual momento da animação é especial. Ela está mais competitiva no Brasil", diz Fabiano Gullane, que produziu "Uma História de Amor e Fúria", de Luiz Bolognesi. "O resultado nas bilheterias nacionais não foi tão bom, mas a repercussão foi surpreendente lá fora." No Brasil, o filme fez 30 mil espectadores nos cinemas, mas rodou por 40 festivais.

Segundo ele, "A Arca..." deverá ser um híbrido de linguagens, com elementos 2D e 3D.

No segundo semestre, pelo menos duas animações infantis devem entrar em cartaz. A primeira é "Nautilus", uma produção da Globo Filmes, dirigida por Rodrigo Gava. Narra as aventuras dos jovens amigos Cristóvão Colombo, Leo da Vinci e Monalisa.

A outra é "As Aventuras do Avião Vermelho", do gaúcho José Maia. O filme é inspirado na obra homônima de Erico Verissimo (1905-1975), sobre um garoto que viaja pelo mundo e pela lua a bordo de uma aeronave imaginária.

ONDA QUE PODE MORRER

Cesar Coelho, um dos criadores do festival Anima Mundi, a maior mostra de desenhos da América Latina e hoje em sua 21ª edição, aponta algumas das razões para o boom': "A categoria dos animadores passou a se organizar melhor, interagir e vender mais os seus filmes", afirma.

A boa fase, contudo, pode acabar. "Para investir em longas-metragens, é preciso ter excelência, e isso demanda bons cursos de formação. Os nossos são muito básicos", diz. "Estamos surfando numa onda que pode morrer."

O processo ainda é muito caro, é lento, e faltam roteiristas, segundo Marta Machado, conselheira da Associação Brasileira de Animação.

"Mesmo que se queira muito, é impossível que um estúdio faça uma animação por ano", afirma. Dependendo do estilo usado, um dia inteiro de trabalho pode render apenas seis segundos de filme --muitas vezes, menos ainda.

Outro problema está na exibição. "A rede de salas é muito pequena, fica tudo concorrido", diz Machado.

O infantil "O Menino e o Mundo", de Alê Abreu, está em cartaz no Espaço Itaú em São Paulo, em geral dedicado a filmes adultos. "Parece que há uma barreira nas grandes redes", diz o diretor.


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