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Mostra em NY traça o mapa da arte latina

Fundação Guggenheim expõe obras de 40 artistas de 15 países; um dos destaques é o alagoano Jonathas de Andrade

Os trabalhos expostos serão adquiridos e exibidos depois no MAM, em São Paulo, em abril de 2015

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES DE NOVA YORK

Numa performance encenada --e filmada-- na fronteira das cidades de Tijuana, no México, e San Diego, nos EUA, o artista venezuelano Javier Téllez planejou um clímax circense e ao mesmo tempo subversivo: o arremesso de um homem-bala do território mexicano para o norte-americano, por cima do muro erguido para conter a passagem de imigrantes.

Intitulado "Bala Perdida", o vídeo, de 2005, pode agora ser visto no Museu Guggenheim, em Nova York, na mostra "Sob o Mesmo Sol - Arte da América Latina Hoje", inaugurada no último fim de semana.

A exposição reúne trabalhos de 40 artistas de 15 países do continente, entre os quais o Brasil --representado por Erika Verzutti, Rivane Neuenschwander, Tamar Guimarães, Jonathas de Andrade, Adriano Costa e Paulo Bruscky.

"Sob o Mesmo Sol" marca uma nova política curatorial, em parceria com o banco suíço UBS, que tem por objetivo dar mais visibilidade à arte do continente (além de outras regiões do mundo) e integrá-la à coleção do museu.

Todas as obras foram adquiridas e serão exibidas posteriormente no Museu Jumex, do México, e no MAM de São Paulo --em abril de 2015.

"Temos uma oportunidade de redesenhar o mapa artístico e cultural das Américas, eliminar fronteiras e criar novas relações entre os diferentes centros", afirma o curador Pablo León de la Barra.

Ele conta à Folha que a exposição foi fruto de um ano de trabalho e de muitas viagens para visitar museus, ateliês e espaços alternativos.

"Eu já tinha uma experiência anterior com a arte latino-americana e conhecia parte dos artistas escolhidos, que fazem, a meu ver, um trabalho inteligente e de qualidade", diz ele, que é mexicano.

NORDESTE

Além da produção mais recente, De la Barra também quis mostrar obras de artistas ligados às décadas de 1960, 1970 e 1980, "muitos deles que viveram ou foram exilados nos Estados Unidos, em períodos de dificuldades políticas em seus países".

É o caso dos argentinos David Lamelas e Marta Minujín, do chileno Juan Downey ou do brasileiro Paulo Bruscky.

Um dos destaques da exposição é o artista alagoano Jonathas de Andrade, com o seu projeto "Cartazes para o Museu do Homem do Nordeste", que ganhou uma sala à parte.

Numa ação feita à margem do museu nordestino, criado na década de 1970 pelo sociólogo Gilberto Freyre, Andrade colocou anúncios em jornais convocando interessados em posar para fotos que, supostamente, passariam a fazer parte do acervo da instituição.

Muitos responderam e o processo todo, dos classificados aos pôsteres, passando por textos e depoimentos, transformou-se numa instalação --que já foi exibida em São Paulo e está também agora na Bienal de Dacar.

Apesar das ambiguidades do Brasil em relação a seus vizinhos hispânicos e das dificuldades em relação aos Estados Unidos, De la Barra reforça a ideia de que os países do continente têm muito em comum.

"Não gosto de pensar em termos de limites e divisões", afirma ele.

"Apesar das contradições, dos conflitos e de algumas especificidades que ainda devem ser reconhecidas e valorizadas, nós realmente vivemos sob o mesmo sol."

Ao menos no terreno da arte, o metafórico homem-bala da performance de Téllez pode circular livremente pelas fronteiras das Américas.


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