Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Copa no palco

Da comédia ao drama, espetáculos em cartaz na cidade de São Paulo durante o mês de junho exploram o futebol ou o Mundial sediado no Brasil como tema

FERNANDA REIS DE SÃO PAULO

Se é duro levar público ao teatro, imagine na Copa. O tema onipresente contagiou até os palcos paulistanos. Da comédia ao drama, peças em cartaz no mês de junho têm a bola como pano de fundo.

O projeto de espetáculos de humor Terça Insana, por exemplo, está apresentando, às quartas e quintas, uma sátira sobre o Mundial.

O grupo sempre busca tratar de "questões contemporâneas", explica a diretora, Grace Gianoukas: "Com esse bombardeio futebolístico que invadiu o Brasil em 2014, não poderíamos nos furtar de comentar o assunto".

Uma das personagens de Grace é Aline Dorel, que conta como virou modelo para a taça da Fifa e comenta a abertura do Mundial. As histórias da peça vão se renovando. "Nesta semana não há como não comentar o talento do [argentino] Messi, a beleza de Didier Drogba [da Costa do Marfim], o mico que foi o fato de o hino da França não ter sido tocado no início do jogo contra Honduras."

A Copa do Mundo também é o mote de "As Horas Vivas", em cartaz no pequenino teatro Pequeno Ato. No subsolo do prédio, 40 cadeiras rodeiam um balcão de bar no qual personagens se encontram numa noite de jogo.

Entre os tipos há o ranzinza dono do bar que acompanha seus resultados em um bolão, a torcedora enrolada na bandeira do Brasil que deseja ganhar o campeonato de videogame do local e a comediante de stand-up engajada, jornal em mãos, reclamando que só se fala de futebol.

Como no caso do "Terça Insana", tratar de Copa no mês de junho foi ato calculado.

Dirigida por Pedro Granato, a peça é inspirada em "The Time of Your Life", de 1939. "Pensamos nos paralelos da história com a realidade brasileira atual", diz Granato.

O texto foi escrito por ele em parceria com o elenco. "A gente sabia que iria estrear em junho e pensou que seria legal falar do nosso tempo."

Já "Maldito Benefício" conta a história de Tião, um jogador promissor que vê sua carreira acabar após sofrer uma lesão no joelho.

Seu sonho, ele diz, era jogar na Europa e ser convocado para a Copa do Mundo, mas tem de se contentar em dirigir um táxi emprestado para sustentar a mulher grávida e o pai aposentado.

Sem se esquecer do futebol, Tião narra sua vida como se fosse uma partida, imitando o estilo dos locutores de rádio em seus monólogos e mantendo diálogos imaginários com o locutor José Silvério, da rádio Bandeirantes, e o repórter Wanderley Nogueira, da TV Gazeta, que emprestam suas vozes à peça.

Segundo o diretor, Marcelo Lazzaratto, apresentar o espetáculo peça durante a Copa foi uma "feliz coincidência", não algo planejado, como nos outros casos. "Os astros jogaram a favor", diz."É um teatro de hoje feito para as pessoas de hoje."

Mas a oportunidade do tema não trouxe os boleiros para os palcos no último fim de semana. Na noite de sábado, quando jogavam Costa do Marfim e Japão, o público de "As Horas Vivas" era formado majoritariamente por familiares e amigos do elenco.

A Copa também não alterou a média de cem pagantes por sessão de "Maldito Benefício", em cartaz desde 16 de maio, segundo a bilheteria do Centro Cultural São Paulo. Ouvidos pela reportagem, cerca de dez integrantes do público do domingo (15), formado mais por casais e grupos de senhoras, disseram nem saber que o esporte era um dos temas da peça.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página