Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Peça sobre protestos une amor e política

'Entrevista com Vândalo', que estreia hoje no Rio, fala de triângulo formado por escritora, black bloc e policial

Texto é assinado por Luiz Eduardo Soares, antropólogo e coautor do livro que deu origem ao filme 'Tropa de Elite'

LUIZA FRANCO DO RIO

"Ian, você tem que pegar ela com vontade", são as instruções de Marcus Faustini ao ator Ian Capillé, durante ensaio da peça "Entrevista com Vândalo", que estreia nesta quarta (18), no Espaço Cultural Sérgio Porto, no Rio.

A junção de desejo sexual e política está no centro da proposta da montagem: ela mostra um triângulo amoroso que se forma quando uma escritora cria um coletivo para elaborar uma peça sobre as manifestações ocorridas em junho de 2013.

Do novo grupo, fazem parte um adolescente black bloc e um policial.

A iniciativa do projeto partiu do diretor, Faustini, 42, que diz ter acompanhado presencialmente os protestos.

Segundo ele, a peça foi financiada pelos próprios realizadores, e os atores receberam ajuda de custo.

O diretor convidou para ser roteirista o amigo e "mestre" Luiz Eduardo Soares, 60, antropólogo que foi secretário nacional de Segurança Pública nos meses iniciais do primeiro governo Lula, entre janeiro e outubro de 2003.

O lado criativo de Soares é mais associado a "Elite da Tropa" (2006), livro que deu origem ao blockbuster "Tropa de Elite" (2007).

Mas o autor, que também é formado em literatura, não é estreante na dramaturgia.

Em 2009, escreveu a peça "Confronto", em parceria com Domingos de Oliveira e Márcia Zanelatto.

Soares já participou de outro projeto sobre os protestos do ano passado: "Depois de Junho", série de entrevistas gravadas com figuras centrais dos eventos daquele mês e disponível no site depoisde junho.com.

O papel da ficção no debate sobre as manifestações, de acordo com Soares, é "apontar o caminho da desautomatização, para voltarmos a pensar e sentir, exercitando a liberdade".

INTIMIDADE

Buscando criar um ambiente de intimidade entre os espectadores e os atores, Faustini optou por um cenário simples e reduziu o tamanho da plateia. Cabem apenas 40 pessoas.

Para o diretor, isso ajuda a "dar corpo' às pessoas que estão por trás dos títulos de manifestante' e policial'" no espetáculo.

Questionado sobre a personagem feminina, que manipula os dois homens ao longo da peça, Soares diz que "ela é mais cerebral".

"Talvez porque eu perceba, intuitivamente, que a história de dominação a que as mulheres foram submetidas as situe em posição estratégica para liderar a resistência libertária", afirma o autor.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página