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Crítica - Música erudita

Osesp e Meneses brilham em obra madura de Villa-Lobos

SIDNEY MOLINA CRÍTICO DA FOLHA

Em 1946, o compositor brasileiro Lorenzo Fernandez (1897-1948) escreveu que, na verdade, "Villa-Lobos é um artista observador, estudioso e, sobretudo, um grande trabalhador".

O comentário encaixa perfeitamente com a escuta de obras como "Fantasia para Violoncelo e Orquestra" (1945) e "Mandu-Çarará" (1940). Ambas estão no programa inteiramente dedicado ao compositor carioca que a Osesp apresenta na Sala São Paulo até este sábado (21).

Regido por Isaac Karabtchevsky e com solo de violoncelo de Antonio Meneses, o concerto traz também "Uirapuru" (1917) e o "Prelúdio" das "Bachianas Brasileiras nº 4" (1941) --este último com a participação dos jovens talentosos da Sinfônica Heliópolis.

A "Fantasia para Cello" funciona como um concerto em três movimentos para o instrumento que --ao lado do violão-- era o mais próximo de Villa-Lobos (1887-1959). Ela revela quanta ciência pode haver na arte aparentemente despojada do brasileiro.

Há controle temático, fluidez formal e originalidade orquestral: basta pensar em como contrafagote e contrabaixos aprofundam a tessitura do cello, ou como os metais sustentam a harmonia ressoante em pianíssimo.

É peça madura, e a Osesp tocou com virtuosismo e equilíbrio, atenta à elegância e ao perfeccionismo de Meneses (que fez no bis a "Giga" da "Suite nº 3" de Bach).

Em "Uirapuru" não há como esquecer a pura diversão do "spalla" Emmanuele Baldini com o exótico violinofone, em dueto com o violino "normal" de Davi Graton.

"Nós fazemos festa", diz o texto em língua nheengatu cantado pelos coros adulto e infantil em "Mandu-Çarará", obra que só poderia ser feita por alguém que antes tivesse escrito todos os "Choros" e quase todas as "Bachianas".

Tudo isso já seria motivo suficiente para chamar mais atenção para o último período criativo de Villa-Lobos e, a partir dele, reavaliar as fases anteriores.


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