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Peça celebra Foucault com histórias de vidas infames

Espetáculo marca aniversário de três décadas da morte do filósofo francês

Texto que vai ser apresentado em São Paulo une diários de parricida e de hermafrodita

GIULIANA VALLONE DE SÃO PAULO

Em "A Vida dos Homens Infames" (1977), o francês Michel Foucault (1926-84) falava de gente ao mesmo tempo "obscura e desafortunada".

De existências assim trata a peça homônima que estreia no dia 4 de julho, em São Paulo. Foi criada a partir de duas biografias, uma sobre um assassino, outra sobre uma hermafrodita, publicadas pelo filósofo, cuja morte completa 30 anos nesta quarta (25).

Henrique Zanoni e Marcela Vieira juntaram os textos de "Eu, Pierre Rivière, que Degolei Minha Ma?e, Minha Irma? e Meu Irma?o" (1977) e "Herculine Barbin, Diário de uma Hermafrodita" (1979) para colocar em cena uma peça sem o conteúdo acadêmico do filósofo.

Os dois livros são quase que inteiramente compostos pelos diários pessoais de Herculine, uma hermafrodita forçada a viver como homem que termina por suicidar-se, e de Pierre Rivière, que matou os familiares por "ordem divina".

Nos trechos usados no espetáculo não há interferência de teorias. "Para a dramaturgia, nos impusemos algumas regras: só usamos textos dos diários ou de dossiês médicos e jurídicos. O trabalho foi extrair os trechos e construir a curva dramática da peça, mas não escrevemos nada", diz Zanoni, que faz o protagonista, ao lado de Adriana Guerra.

Os dois também se revezam como médicos, juízes, padres e jornalistas que analisaram e julgaram as histórias.

O espetáculo, da Companhia dos Infames, traz o cineasta Cristiano Burlan (de "Mataram Meu Irmão", 2013) de volta à direção teatral após 14 anos afastado.

PARCERIA

"Foucault aplica o termo infame' muito bem: são pessoas que lutam contra o poder, mas não para assumir seu lugar", diz Burlan. "Ele também era um infame. Era uma bicha louca sadomasoquista. E eu me sinto um pouco infame também."

A parceria de Burlan e Zanoni é antiga. Os dois são sócios na produtora Bela Filmes e o ator já protagonizou três longas do diretor: "Sinfonia de um Homem Só" (2012) "Amador" (2013) e "Hamlet" (2014), este último inédito.

"Essa coisa da infâmia tem muito a ver com o que fazemos juntos, com o nosso encontro", afirma Zanoni.

A peça faz parte do projeto "Foucault 30 anos: Um Infame Encontra o Teatro", que também terá ciclos de debate. O resultado dessas conversas deve virar livro.

A VIDA DOS HOMENS INFAMES
QUANDO sex. e sáb. às 21h30 e domingo às 19h30 (de 4/7 a 17/8)
ONDE teatro Pequeno Ato, r. Dr. Teodoro Baima, 78, tel. (11) 99642-8350
QUANTO R$ 40
CLASSIFICAÇÃO 16 anos


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