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Livro destaca discos brasileiros clássicos

'Indiscotíveis' reúne 14 ensaios sobre álbuns de rock, MPB e rap apresentados como se fossem livretos de vinil

Para a edição, todas as capas das obras foram recriadas livremente por ilustradores e designers convidados

GIULIANA DE TOLEDO DE SÃO PAULO

Quatorze discos que marcam a história da música brasileira ganham agora um complemento que instiga tirar a poeira dos álbuns postos na estante (ou numa pasta do computador) e colocá-los para rodar novamente.

O livro "Indiscotíveis", formado por ensaios curtos, será na lançado na próxima semana pela editora Lote 42.

A edição, organizada pelo jornalista Itaici Brunetti, destaca clássicos de diversos gêneros. Há rock ("Selvagem?", dos Paralamas do Sucesso, "Cabeça Dinossauro", dos Titãs, "Roots", do Sepultura, entre outros), MPB ("Clube da Esquina 2", de Milton Nascimento, e "Solta o Pavão", de Jorge Ben) e rap ("Sobrevivendo no Inferno", dos Racionais MC's, e "O Lado B do Hip Hop", do SP Funk).

Para o time de 14 ensaístas foram chamados músicos, jornalistas e pesquisadores. Entre os nomes mais conhecidos estão os rappers Emicida e Rael, o músico e pesquisador Kid Vinil e o cantor e compositor Tatá Aeroplano.

Apesar de abranger um período que vai de 1972 ("Acabou Chorare", dos Novos Baianos) a 2001 ("O Lado B do Hip Hop"), o livro privilegia criações pré-internet.

"As regras para um disco causar impacto e ser indiscutível mudaram muito de lá para cá. As plataformas digitais viralizam os álbuns entre amigos, mas as rádios deixaram de ter tanta importância", avalia Brunetti, 34.

"O que é lançado hoje concorre com tudo o que já foi feito, porque todas as discografias estão disponíveis na internet. O bom disso é que há um resgate", diz o músico e pesquisador gaúcho Arthur de Faria, 45, autor de ensaio sobre "Clube da Esquina 2" (1978). "Na época, com o rescaldo do tropicalismo, as pessoas não se deram conta de quão bom era esse disco."

RETRÔ

E, se a maioria dos álbuns avaliados foram lançamentos originais em vinil, o formato do livro imita uma caixa de compactos de sete polegadas. Há sete livretos com os textos, divididos em lado A e lado B e ilustrados com recriações das capas feitas por artistas convidados.

"São reinterpretações para despertar novos olhares. Cada artista acabou destacando novos elementos e apresentou os discos de uma maneira diferente", diz Luciana Martins, 27, responsável pelo projeto gráfico.

Na recriação do ilustrador Luciano Salles, a capa de "Roots", por exemplo, perdeu o retrato de um garoto indígena e ganhou o desenho de uma bota suja de terra.

Para além das capas, a diversidade aparece também na forma de construir os ensaios. Há textos técnicos e outros totalmente emotivos.

Tatá Aeroplano, 39, foi um dos que optaram por um relato pessoal. Colocou o rock psicodélico de "A Sétima Efervescência" (1996), de Júpiter Maçã, para tocar e se desafiou a escrever memórias "no modo automático".

Assim, o texto relembra com sabor a compra do CD na Galeria do Rock, em 1997, com direito a um encontro inesperado com Marcelo Nova (ex-Camisa de Vênus).

"Esse disco foi um dos maiores baques musicais que já tomei. Abre com Um Lugar do Caralho', que é arrebatadora, um hino do rock dos anos 90. Sempre toco quando discoteco", conta.

Já Rael, 31, ao escrever sobre "Afrociberdelia" (1996), de Chico Science & Nação Zumbi, recordou seu primeiro show, no pátio do colégio, cantando "Maracatu Atômico".

"O disco me aproximou da minha ancestralidade, pelo fato de meu pai ser de Pernambuco, e me permitiu explorar outros ritmos e gêneros no meu rap", avalia.


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