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Arte no hospital

Mostra quer revitalizar o antigo complexo Matarazzo com grandes nomes da cena contemporânea

PAULO GOMES DE SÃO PAULO

Uma invasão artística tomará um conjunto centenário de prédios em estilo neoclássico na região da avenida Paulista.

O antigo hospital Umberto Primo --mais conhecido pelo nome da família que o construiu, Matarazzo-- receberá de uma só vez trabalhos de mais de cem artistas contemporâneos a partir de 9 de setembro.

A mostra "Made by... Feito por Brasileiros" ocupará cinco prédios por um mês, cerca de 8.000 m² dos 27 mil m² do terreno, com obras de brasileiros como Beatriz Milhazes, Tunga, Cildo Meireles e Lygia Clark (1920-1988); além de estrangeiros como a americana Francesca Woodman (1958-1981), o também americano Kenny Scharf e a portuguesa Joana Vasconcelos.

O local está desativado há mais de 20 anos e em mau estado de conservação. A exposição, diz a curadoria, pretende resgatar o valor histórico do local e definir seu futuro como "polo cultural".

Segundo o curador, o francês Marc Pottier, a maioria das obras é inédita e "feita para se relacionar com o lugar". Salvo a escolha de poucas figuras já mortas, o critério de seleção de artistas foi a "capacidade de interagir bem nesse ambiente".

No mesmo período, será lançado um livro homônimo que traça o panorama da arte contemporânea brasileira, listando seus principais criadores.

ARTE CHAMARIZ

O Ministério da Cultura aprovou a captação via lei Rouanet de R$ 12,6 milhões para a montagem, mas o projeto conseguiu até agora R$ 2,5 milhões.

A proposta de revitalização do edifício não pode se encerrar no evento, alerta o marchand Ralph Camargo. "Senão fica aquele oportunismo de usar nomes consolidados de arte como marketing cultural", diz.

Com ele concorda Giselle Beilguelman, artista e professora da FAU-USP. "Lógico que fazer uma exposição é melhor que não fazer, mas essas iniciativas devem vir atreladas a políticas culturais perenes", afirma ela, segundo quem o "mercado imobiliário tem instrumentalizado a arte para domesticá-la".

Um dos grandes nomes que participam da mostra, Nuno Ramos diz: "No Brasil, isso vira shopping. No resto do mundo vira centro cultural, e ali dá para fazer algo lindo".

Erguido em 1904, o hospital funcionou até 1993, quando foi desativado pelo Estado, após anos de crise, e tombado como bem cultural de interesse histórico-arquitetônico.

O grupo francês Allard comprou o complexo em 2011 e quer transformá-lo na "Cidade Matarazzo", como define o proprietário, Alexandre Allard.

Segundo ele, será erguida uma torre em parte do terreno onde funcionará um hotel de alto padrão.

"O desafio era achar um modelo financeiro sustentável que preservasse o propósito cultural", diz o empresário. Conforme o projeto, outros 3.000 m² dos prédios já existentes serão destinados a um "centro de criatividade" para o desenvolvimento da arte.

"A Cidade Matarazzo pode se tornar o símbolo arquitetônico e cultural de São Paulo", diz Allard.

A inauguração da "Cidade" está prevista para 2018.


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