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Filme é 'tradução visual' de livro de Huxley

GUILHERME GENESTRETI DE SÃO PAULO

"Meia hora depois de ingerir a droga, comecei a perceber um lento bailado de luzes douradas [...] Não contemplava mais uma esquisita combinação de flores; via aquilo mesmo que Adão vira no dia de sua criação --o milagre do inteiro desabrochar da existência, em toda a sua nudez."

Tal como no filme "Lucy", o autor inglês Aldous Huxley (1894-1963) também teve sua experiência de expansão da mente acompanhado por um pesquisador das potencialidades do cérebro humano, o psiquiatra Humphry Osmond.

Em 2014 completam-se 60 anos da publicação de "As Portas da Percepção", ensaio no qual o escritor relata suas experiências psicodélicas com a mescalina e que gerou sementes no universo pop: foi uma das inspirações de Jim Morrison (1943-1971) para batizar sua banda, The Doors.

Na primavera de 1953, escreve Huxley, ele se submeteu a oito horas de uma viagem "nem agradável nem desagradável" que começou em seu escritório, passou por uma farmácia, pelas colinas de Los Angeles e por seu jardim.

Sob o efeito da substância, extraída do peiote (cacto usado em rituais por nativos americanos), ele teve uma "visão sacramental da realidade": matizes das cores pareceram menos sutis, pés de cadeiras ficaram "vangoghianos" e as dobras de sua calça, "labirintos de infinita complexidade".

O livro também vaga por considerações sobre arte, religião (especialmente conceitos budistas), faz um apanhado de pesquisas com a mescalina e disserta sobre a "onisciência", potencial de cada ser humano que é sufocado pelo sistema nervoso e que pode ser acessado com a abertura das tais portas da percepção.

"Por ser escritor, Huxley popularizou e validou os estudos psicodélicos", diz José Eliézer Mikosz, que leciona artes e estados alterados de consciência na Universidade Estadual do Paraná. Segundo ele, essas pesquisas voltam a ganhar fôlego graças a encontros como a Breaking Convention, bienal inglesa sobre o tema.

"Lucy" rendeu comparações. "É a melhor interpretação visual das teorias de Huxley", escreveu Kamran Ahmed, crítico de cinema do site canadense "Next Projection". "Os efeitos visuais provocam sensação de quase alucinação."

A edição brasileira está esgotada. A editora Globo, que relança a obra de Huxley, anuncia que uma nova versão sai no começo do ano que vem.


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