Folha de S.Paulo

Crítica filme

'Perseguidor Implacável' expõe limite tênue para a ilegalidade

Existe um dilema na atividade legal que consiste, justamente, em ser legal. Com isso, ela passa a ter uma desvantagem monstruosa numa sociedade de massa (portanto, de anonimato) frente ao crime.

Esse dilema está exposto em "Perseguidor Implacável" ("Dirty Harry", TCM, 18h45), onde Harry, o sujo, aliás Clint Eastwood, entende que, para combater um criminoso de último grau, ele precisa se libertar da lei.

Nessa obra-prima policial, Don Siegel antecipa um dilema insolúvel, na medida em que Harry, liberado dos constrangimentos que a lei impõe, nada mais é que outro criminoso.

Se as mudanças do mundo garantem a atualidade do filme, será preciso não confundi-lo com séries que pregam a vingança como desejável --isto é, ao menos no Brasil, de uma atualidade mórbida.