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Análise

Richard Strauss foi mestre no poema sinfônico e na ópera

Compositor alemão, celebrado em 2014 pelos 150 anos de seu nascimento, teve prestígio também como maestro

SIDNEY MOLINA CRÍTICO DA FOLHA

Dó, sol, dó, mi: as notas no trompete, sobre a sustentação grave de contrabaixos, contrafagote e órgão, imitam a série harmônica, a estrutura acústica presente em toda vibração sonora natural.

Com essa ideia simples, Richard Strauss (1864-1949) --festejado pelos 150 anos de nascimento-- evocou as primeiras páginas de "Assim Falou Zaratustra", de Nietzsche (1844-1900).

Estreada em 1896, a obra foi logo incorporada ao repertório das principais orquestras e já era sucesso quando, em 1968, Stanley Kubrick (1928-99) a encaixou como tema do filme "2001: Uma Odisseia no Espaço".

"Zaratustra" não integra "Salomé". Faz parte da série de poemas sinfônicos, forma que, ao lado de óperas como a que estreia agora no Municipal, celebrizaram Strauss como derradeiro compositor do romantismo alemão.

Inspirados em programas explícitos ou tácitos, os poemas sinfônicos são sinfonias em que o músico comenta sonoramente uma história que serve de referência para a composição.

O gênero remonta a Liszt (1811-86) e não teve continuadores à altura de Strauss. Destinadas a um público apaixonado por literatura, as "sinfonias programáticas" pareciam ser a continuação natural da fusão entre música, filosofia e poesia que Beethoven (1770-1827) propusera na "Nona Sinfonia".

Marcados por virtuosísticos efeitos orquestrais, os poemas sinfônicos de Strauss foram seguidos por uma sequência de óperas que o tornaram rico e famoso. "Salomé" foi a primeira dessa fase.

CELEBRIDADES

O crítico Alex Ross abre o livro "O Resto É Ruído" com uma descrição da apresentação de "Salomé" regida pelo compositor na cidade austríaca de Graz em 1906. Na plateia estavam os principais músicos da época, incluindo Puccini (1858-1924), Mahler (1860-1911) e Schoenberg (1874-1951).

E não é improvável que Adolf Hitler (1889-1945) --então com 17 anos-- também estivesse ali. Anos depois, Strauss teria uma relação ambígua com o nazismo: não foi filiado ao partido, mas aceitou um cargo no regime e compôs e regeu o hino de abertura dos Jogos Olímpicos de 1936.

Escritas após os 80 anos, "Metarmorphosen" (1945) e "As Quatro Últimas Canções" (1948) são os seus testamentos musicais.

Strauss foi um regente cultuado. É possível vê-lo atuando em vídeos no YouTube: sério, econômico, preciso e quase sem expressividade corporal ou facial. Mas o som que sai é o oposto: quente, emotivo, cheio de humor.


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