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A origem do Genesis

Filme sobre bastidor do último projeto de Sebastião Salgado, dirigido por seu filho Juliano e Wim Wenders, abre Festival do Rio

RODRIGO SALEM COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

Quando "O Sal da Terra", documentário que abre o Festival do Rio no dia 24, foi exibido pela primeira vez para uma plateia, no Festival de Cannes, Tião não estava lá. Tampouco estava presente quando o filme recebeu o prêmio especial do júri.

"De certa forma, foi um alívio", diz Juliano Ribeiro Salgado, 40, que dirigiu com o alemão Wim Wenders esse longa sobre Tião --como chama seu pai, o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, 70.

"Se Tião tivesse ido, não sei como me comportaria, porque os pais tendem a ver seus filhos como crianças. Ainda bem que ele arranjou uma exposição em Cingapura."

Nascido em Paris em 1974, quando os pais Sebastião e Lélia Wanick Salgado estavam exilados durante a ditadura militar no Brasil, Juliano percebeu que não queria trabalhar atrás de uma mesa ao ver o pai dedicar tempo e energia a fotografar movimentos sociais, massacres e tragédias pelo mundo.

"Minha vocação estava na mediação entre fato político ou histórico e arte", conta.

Em 1996, viajou para Angola, onde fez seu primeiro trabalho como documentarista, o curta "Suzana", sobre minas terrestres.

Em 2003, se formou em cinema na London Film School. Passou a aceitar qualquer trabalho que aparecesse na área. "Câmera, eletricista, técnico de trilho... Fiz de tudo."

Lançou seu primeiro longa em documentário em 2009: "Nauru, Une Île à la Dérive", sobre uma pequena ilha no Pacífico, que tinha uma das maiores rendas per capita do planeta nos anos 1980 e empobreceu após o exaurimento das minas de fosfato.

Foi nesta época que a semente de "O Sal da Terra" foi plantada. Sebastião Salgado convenceu o filho a acompanhá-lo em uma de suas viagens do projeto "Genesis", em que o fotógrafo registrou, durante oito anos, tribos, animais e paisagens por regiões remotas do planeta, como em Zâmbia, na Sibéria e na ilha de Galápagos.

"Tinha medo de fazer essa viagem porque não acreditava que poderia fazer um filme sobre ele", diz Juliano. "Para dirigir um documentário sobre teu pai, você precisaria ter resolvido muita coisa."

Ele relata que conseguiu a adesão do pai ao projeto que resultou no longa "O Sal da Terra" ao mostrar suas primeiras imagens, feitas no Pará. "Vi que havia algo nos vídeos que capturei e Tião se emocionou vendo isso, olhando-se pelas lentes do filho."


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