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Universo familiar domina filmes brasileiros em competição no Rio

Oito dos dez longas nacionais que disputam na mostra competitiva abordam essa temática

Evento, que começa hoje no Rio, exibe mais de 350 produções, como a americana 'Boyhood', de Richard Linklater

GUILHERME GENESTRETI ENVIADO ESPECIAL AO RIO

É uma seleção, digamos, familiar. Entre os dez longas brasileiros que disputam a mostra competitiva do Festival do Rio deste ano, ao menos oito giram em torno do universo da família.

A mostra carioca, uma das vitrines mais importantes do cinema nacional, começa de fato nesta quinta (25), após a exibição, ontem (24), do filme de abertura: "O Sal da Terra", de Juliano Ribeiro Salgado e Wim Wenders.

"O cinema que se faz hoje no país é mais urbano. A questão de como as famílias se estruturam e se desestruturam nesse meio aparece naturalmente", diz Ilda Santiago, que dirige o festival.

"No passado, a seleção era mais diversa. Neste ano, houve uma sintonia de tema que conversa com a tendência de se discutir o país de hoje."

O reencontro com um pai distante é o tema de "O Último Cine Drive-In", do brasiliense Iberê Carvalho. "O drive-in é a metáfora perfeita para tratar do reencontro familiar com um pai distante: é um espaço anacrônico e tem essa questão de voltar no tempo", diz o diretor.

Um pai que tenta reatar relações com a filha egressa de uma clínica de reabilitação é o cerne da trama de "Prometo um Dia Deixar Essa Cidade", de Daniel Aragão.

Em "Casa Grande", do estreante carioca Fellipe Barbosa, a família é o núcleo do drama social: Jean é um adolescente abastado da Barra da Tijuca que vê tudo ao seu redor ruir enquanto seu pai esconde que está falido.

Já em "Sangue Azul", do pernambucano Lírio Ferreira, família é tabu. No filme, Daniel de Oliveira vive uma atração pela irmã, que mora em Fernando de Noronha. "Esse amor impossível é característico da vida nas ilhas, onde as pessoas se relacionam porque não têm para onde ir", afirma Ferreira.

Em "Obra", de Gregorio Graziosi, um arquiteto (Irandhir Santos) revolve o passado da família ao descobrir um cemitério clandestino no terreno que já foi de seus ancestrais. "Ausência", de Chico Teixeira, traz um jovem que assume o papel de homem da casa, tendo de cuidar da mãe e do irmão mais novo.

"A corrupção se enraíza pela família", diz o veterano Murilo Salles, que exibe no Rio seu filme político "O Fim e os Meios", sobre dois casais que convivem em Brasília durante o período de campanha eleitoral de um senador.

Também de teor político, "O Outro Lado do Paraíso", de André Ristum, mostra como o golpe militar interfere na vida de uma família simples em Brasília. "É um filme visto pelo olhar do filho, sobre como a ditadura afetou até quem não tinha envolvimento profundo com ela."

CENÁRIO INTERNACIONAL

No total, o festival exibe outras 350 produções, nacionais e estrangeiras, incluindo uma mostra de filmes mexicanos.

Longa que gerou frisson nas mostras internacionais, "Boyhood", de Richard Linklater, é um dos destaques: rodado ao longo de 11 anos, acompanha o crescimento de um adolescente. Outros títulos de peso são "Garota Exemplar", de David Fincher, "Mapa para as Estrelas", de David Cronenberg, e "Mommy", do canadense Xavier Dolan, vencedor do júri em Cannes.

Nenhum dos quatro diretores estará presente. "O que é prioritário são os filmes", diz Santiago, diretora do evento. "O foco é que os diretores possam discutir com o público, que é o que torna um festival uma experiência única. O grande nome é bacana, mas às vezes tem menos contato com quem vem assistir."

A programação completa está em festivaldorio.com.br.


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