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Crítica teatro

Adaptação de peça de Pinter é bonita, mas rebuscada

Roberto Alvim propõe sensações de sonho com cenários absurdos

GUSTAVO FIORATTI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O fundo onírico nas peças de Harold Pinter (1930-2008) em boa medida depende de uma situação ordinária colocada à superfície. Como em "Terra de Ninguém": dois sujeitos conversam numa sala de estar e, de repente, palavras deixam indícios de um passado compartilhado.

É simples e genial. Na superfície está a visita, a sala de estar, mas a ambiguidade dos diálogos vai abrindo caminho às sensações estranhas, bem como a um mar de dúvidas a respeito da trajetória e personalidade de cada um.

Curiosamente, a encenação de Roberto Alvim para o texto, em cartaz no Sesc Vila Mariana, abre mão da trivialidade das situações superficiais.

Se o dramaturgo costuma partir de cenários comuns para estilhaçar seu texto em fugas oníricas, Alvim propõe logo na abertura uma imersão completa na sensação de sonho, com cenário em preto e branco e de traços absurdos.

Só que Pinter sem a superfície da sala de estar parece também ter perdas. A imersão impede o estranhamento que viria em gotas.

Luís Melo, no papel do visitante, investe em um registro mais comum a personagens trágicos, sem dar tanto espaço a ambiguidades quanto Edwin Luisi, que vive o anfitrião. Caco Ciocler é um parente enigmático e Pedro Henrique Moutinho um amigo deslocado, com importância quase ornamental.

Também é uma montagem em que Alvim parece deixar para trás fundamentos do teatro que já defendeu. Interpretações antes secas e minimalistas dão lugar ao rebuscado. Faz, assim, um espetáculo bonito, familiar e de traços reconhecíveis.

TERRA DE NINGUÉM
QUANDO sex. e sáb., às 21h; dom., às 18h
ONDE Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141), tel: (11) 5080-3000
QUANTO R$ 50
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO bom


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