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Crítica - Suspense

Filme de espião troca força por cérebro

'O Homem Mais Procurado' resgata inteligência no gênero, em meio a domínio atual de músculos

INÁCIO ARAUJO CRÍTICO DA FOLHA

A espionagem é um pouco diferente daquilo a que agentes como James Bond nos acostumaram.

Trata-se de um mundo sujo, em que alguém se joga meio por falta de opção: nunca se sabe muito bem distinguir o certo do errado, o bem do mal --quase sempre trabalha-se no escuro.

Ou seja, é um mundo de plena ambiguidade. É isso que os livros de John le Carré, e certos filmes baseados nele, nos ensinaram.

Este "O Homem Mais Procurado" tem o efeito de recolocar um gênero em que a ação é indissociável da inteligência, num momento em que a força bruta é quem manda no cinema.

No cinema e, corrijo, no mundo: pois não é propriamente delicadeza a palavra capaz de definir o que acontece no Oriente Médio (com todos os lados envolvidos, diga-se). E o Oriente Médio é hoje o centro estratégico do mundo.

Mesmo quando estamos em Hamburgo, como é o caso aqui. Tudo gira em torno de prevenir ações de radicais muçulmanos, como acontece com a agência comandada por Bachmann (Philip Seymour Hoffman), mas também a CIA, o governo alemão, etc.

A trama retrata a busca de um suposto terrorista. Mas, em vez de prendê-lo para uso político, Bachmann entende que ele pode levar ao chamado "peixe grande", alguém que tem peso real para organizações antiocidentais.

Se o filme de Anton Corbijn tem o mérito de não demonizar os muçulmanos (hábito frequente no vale-tudo ideológico do cinema), também não os exime de nada do que ocorre. Lança seu olhar para os obstáculos internos, políticos, enfrentados pelos espiões da equipe de Bachmann.

E, como Bachmann é, na tela, um ator formidável, o filme aproveita para se deter nos dramas pessoais, que vão da solidão às incertezas com que se defronta, com as certezas precárias a que se apega. Pois, como responde a agente da CIA por que estão metidos nisso, "é para tornar o mundo mais seguro".

A ironia da resposta contém muito do interesse do filme: a segurança do mundo é o que menos importa nisso tudo.


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