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Pulp Fiction

Jarvis Cocker, líder da banda Pulp, fala sobre show que fará em São Paulo e revela meia verdade por trás de grande sucesso

Kevin Winter/Getty Images for Coachella/AFP
Jarvis Cocker em apresentação do Pulp no festival Coachella, em abril, na Califórnia
Jarvis Cocker em apresentação do Pulp no festival Coachella, em abril, na Califórnia
LÚCIO RIBEIRO COLUNISTA DA FOLHA

Era só o que faltava. Ou quem faltava. Quase 20 anos depois de protagonizar o último grande movimento do rock inglês, a banda Pulp, liderada pelo dândi Jarvis Cocker, faz show único e inédito no Brasil na semana que vem, dia 28, no Via Funchal, em São Paulo.

Da trinca de ouro do britpop, que vendeu milhões de discos na metade dos anos 1990 e frequentou tanto a parada de sucessos quanto os tablóides, Oasis (várias vezes) e Blur (uma) já vieram. Faltavam Jarvis e o Pulp.

"Estive em 2008 na Argentina e no Chile. Estava certo de que iria ao Brasil, mas acabei não indo", disse à Folha o vocalista Jarvis Cocker, em entrevista por telefone de Paris, onde mora "parte do tempo", porque tem um filho francês.

Mas desta vez ele vem. E se diz ansioso por tocar em São Paulo. "Tenho uma amiga que negocia obras de arte e que vive viajando a São Paulo para visitar galerias. Ela me fala tanto que a cidade é interessante que quero conhecê-la."

O Pulp tem sete discos lançados, três na abastada era do britpop, contabilizando mais de 10 milhões de cópias vendidas. O último saiu em 2001. No ano seguinte, o grupo acabou. Cocker chegou a dizer que não se via mais tocando na banda aos 40 anos.

Mas, no ano passado, quase aos 48, botou o Pulp novamente na ativa. "O fato é que, mesmo agora, não me sinto um adulto propriamente dito, então tudo bem. Tinha certo medo da velhice", afirma.

"No começo, fiquei incomodado com a volta da banda. Chamei todo mundo, tranquei todos num estúdio e disse: 'Se tocarmos as velhas canções de um modo decente, a gente volta'. Percebi que tinha passado toda a juventude no Pulp. E que não tinha sido uma perda de tempo."

Hoje, aos 49, o senhor Jarvis, olhando para trás, vê assim a febre do britpop da qual participou: "Foi importante para a Inglaterra até socialmente, um certo resgate da autoestima sonora britânica. A melhor contribuição foi botar a música independente no patamar do mainstream. Mas o britpop não mudou tanto [as coisas] como achamos que poderia".

Chegar aos jornais, mais especialmente aos tabloides, deu fama nacional ao Pulp. Mas também teve um lado amargo para Jarvis. Numa importante premiação da música inglesa, o Brit Awards de 1996, no auge do britpop, Jarvis saiu da plateia para protestar invadindo o palco onde se apresentava Michael Jackson.

Era o indie britânico testando sua força contra o pop ianque. Michael entrou em cena vestido tal qual um Jesus Cristo, acompanhado por um rebanho de crianças.

Jarvis furou o bloqueio de seguranças, foi ao palco e mostrou seu traseiro para o público e principalmente para Michael. Acabou preso. "Foi um protesto que fazia sentido à época", lembra. "A gente dominando a música, e a indústria bajulando um artista vestido de Cristo e 'curando' criancinhas. Veja, adoro Michael Jackson e sei da importância dele e.... isso foi há muitos anos... Deixa para lá."

Certamente, no show de São Paulo, um dos grandes momentos vai ser quando o Pulp tocar "Common People", uma das mais marcantes músicas dos anos 1990 e que ajudou a catapultar a banda ao sucesso.

À Folha, Cocker revelou que a letra sobre a menina grega rica que foi estudar na Inglaterra, apaixonou-se pelo modo de vida da classe operária e queria ser uma "pessoa comum" e "dormir com uma pessoa comum" é verdadeira, mas "até certo ponto".

"Conheci uma garota assim em Londres. Era grega. O pai era rico. Ela queria viver uma vida 'normal'. Mas, diferentemente do que narro na música, nunca disse que queria dormir com uma pessoa comum como eu", diz.

"A canção fez sucesso dez anos depois desse encontro. Mudei um pouco a letra para mudar o final e tornar a história mais feliz para o meu lado. E, dez anos depois do sucesso, recebi uma ligação dela, dizendo que até teria dormido comigo. Mas acho que não. Ela nunca conseguiu ser uma 'pessoa comum'."


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