Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Unidos contra meia-entrada

Produtoras de shows criam associações para lutar contra benefício a estudante e idoso apontado como vilão dos altos preços dos ingressos

MATHEUS MAGENTA DE SÃO PAULO

"As empresas de entretenimento ao vivo não estão se unindo porque se amam, mas porque precisam se fortalecer em conjunto. Com a meia-entrada, o Estado faz política pública com dinheiro privado."

A declaração feita à Folha por Leo Ganem, presidente da Geo Eventos, se refere à criação, até o final deste ano, de duas associações no setor de eventos.

Uma para as produtoras de shows e musicais e outra para as empresas que comercializam ingressos.

O objetivo das associações é tentar reverter uma crise que se inicia no setor -os mais recentes sinais dela são o encalhe de ingressos e o cancelamento de shows.

O benefício da meia-entrada, que chega a atingir 90% do total da bilheteria de grandes shows internacionais, é apontado como o grande vilão do setor.

Para empresários e consumidores, o alto valor dos ingressos é o maior culpado por shows cancelados ou vazios. Caso da turnê da cantora pop Madonna, que se apresenta hoje e amanhã em São Paulo. Os ingressos variam entre R$ 150 e R$ 850 (inteira).

Ainda há ingressos para os 12 setores da plateia do show de amanhã, e em nove deles do de hoje. Para diminuir o prejuízo, a T4F, responsável pela turnê, reduziu o preço dos ingressos em até 50%.

MEIA-ENTRADA

As associações serão criadas a fim de reduzir a proporção de meias-entradas (seja por faixa etária ou por cota) nos eventos. Ou pelo menos conseguir que os governos arquem com parte do benefício.

Segundo a Geo Eventos, 90% dos ingressos vendidos até agora para os três dias do festival Lollapalooza 2013 são meias-entradas.

Para o empresário Luiz Oscar Niemeyer, da Planmusic, a falsificação de comprovantes de estudantes torna a previsão da receita de um show "praticamente impossível".

"Para compensar, colocamos o preço da inteira mais alto. Quem acaba penalizado com isso são as pessoas honestas", diz Niemeyer.

Entidades de defesa do consumidor veem riscos para o público dos shows caso algumas demandas das novas associações sejam contempladas. Para Márcio Marcucci, diretor de fiscalização do Procon-SP, a limitação do número de meias-entradas show não inibiria fraudes.

"As empresas devem aumentar o controle da comprovação do direito ao benefício, na venda e no acesso aos shows, e não buscar limitações para um direito consagrado. Seria um retrocesso."

CRISE À VISTA

O Brasil vive atualmente um crescimento acelerado do segmento de shows internacionais. Segundo levantamento feito pela Folha, o número de artistas e bandas estrangeiros triplicou neste ano em relação a 2010.

O cenário chamou a atenção de grupos de outros segmentos. Nos últimos anos, surgiram XYZ Live (do grupo ABC, de Nizan Guanaes), IMX (de Eike Batista) e Geo Eventos (ligada à Rede Globo).

O mercado estima que as cinco maiores empresas do setor movimentem entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão por ano.

A nova concorrência trouxe choques de agenda de festivais de música e elevou cachês a ponto de tornar alguns shows deficitários.

Para Bazinho Ferraz, presidente da XYZ Live, as novas associações podem servir de espaço para se firmarem "acordos de cavalheiros" e evitar o declínio do setor.

A T4F, maior do segmento de entretenimento ao vivo na América Latina e a única com capital aberto, foi a primeira a apresentar sinais de crise.

Em comunicados a investidores, a empresa anunciou uma queda de 40% no número de ingressos vendidos entre janeiro e setembro deste ano (em relação ao mesmo período em 2011).

Segundo a T4F, o resultado negativo pode ser atribuído à distribuição dos shows ao longo do calendário (em 2011, as maiores rendas ocorreram no primeiro semestre).

No comunicado, a empresa manifestava esperança de bons resultados financeiros com shows de Lady Gaga e Madonna. Ambas turnês tiveram ingressos encalhados.

Com isso, o valor das ações da T4F caíram 10,29%.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página