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Livros velhos, casa nova
Coleção doada por José Mindlin à USP em 2006 é transferida ao prédio definitivo; abertura ainda não foi marcada
A maior coleção brasiliana pertencente a uma universidade chegou ao seu destino. Na semana passada, foram transferidos ao seu prédio definitivo os cerca de 32 mil títulos -ou aproximadamente 60 mil volumes- da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin.
Agora, o ainda inacabado edifício de 21.950 m² (quase dois campos de futebol), projetado por Eduardo de Almeida e Rodrigo Mindlin Loeb e que, desde 2006, consumiu cerca de R$ 130 milhões, contém o acervo doado pelo
bibliófilo.
Os livros, manuscritos, mapas, periódicos e imagens que agora estão no campus Butantã da USP (Universidade de São Paulo), ficavam antes em uma residência da família no Brooklin, zona sul da capital.
Comumente associado a esta notável coleção, o termo "brasiliana" não lhe é exclusivo. Aplica-se aos conjuntos de livros, gravuras, pinturas ou cartões-postais sobre o Brasil, de autores brasileiros ou impressos no país.
Quando a biblioteca for inaugurada -e, segundo seu diretor, o historiador da USP Pedro Puntoni, a data ainda não foi fixada-, a universidade terá acesso mais direto aos itens coletados ao longo de décadas pelo casal.
CATRACA
Acesso deve ser aqui entendido com uma dupla ressalva. Por um lado, diz Puntoni, o acervo estará sujeito ao rigor que as obras raras exigem.
"Não é recomendável que sejam folheadas à exaustão, já que existe uma perspectiva de preservação."
Segundo ele, regras de acesso ainda serão definidas.
"Será a primeira tarefa dos bibliotecários. O que se sabe é que a coleção não será aberta ao público para consulta nos primeiros meses. E que o acesso às obras não digitalizadas precisará ser justificado", explica.
Por outro lado, o diretor defende que a digitalização do acervo será capaz de garantir o acesso ao conteúdo por vezes exclusivo da coleção.
"Com as novas tecnologias, estamos preparados para garantir acesso universal, dentro dos limites impostos pelo direito autoral."
Puntoni refere-se ao processo de digitalização que, desde 2009, alcançou 4.000 títulos da coleção -3.600 deles já disponíveis na internet.
"Também digitalizamos obras raras de outras coleções da USP. Foram 2.400 livros, mas eles ainda não estão disponíveis on-line".
Para as obras já em domínio público, a internet abriu portas. No campus, pode haver controle. "A segurança quer que haja catracas para as exposições [no térreo]. Catraca sempre gera uma situação de embaraço. Eu queria que o térreo fosse livre. Ele foi pensado arquitetonicamente para isso", defende o diretor.