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Festival de Berlim exibe filme perdido de River Phoenix

Galã morreu de overdose em 1993, a 11 dias de terminar as filmagens de 'Dark Blood', do francês George Sluizer

Diretor desengavetou longa após sofrer um aneurisma e roubar os negativos de uma empresa de seguros

DO ENVIADO A BERLIM

A saga de "Dark Blood", filme exibido ontem na seleção principal do 63º Festival de Cinema de Berlim, é muito mais interessante do que a obra em si. Como o próprio material de divulgação faz questão de ressaltar: "Dark Blood" é o filme perdido de River Phoenix.

Em 30 de outubro de 1993, o ator tinha acabado de rodar algumas cenas em estúdio com o diretor francês George Sluizer ("O Silêncio do Lago"), em Los Angeles. Era o primeiro dia de filmagens na cidade após sete semanas no deserto de Utah.

Poucas horas depois, Sluizer recebeu um telefonema: River Phoenix, seu protagonista de apenas 23 anos, sofreu uma overdose de cocaína e heroína durante a madrugada na frente do Viper Room, casa noturna de Johnny Depp que servia de ponto de encontro dos jovens famosos em Hollywood.

Apesar de faltar só 11 dias para o encerramento dos trabalhos em "Dark Blood", o cineasta tinha reservado várias tomadas com close-ups de Phoenix. Chegando à conclusão de que não haveria nenhuma possibilidade de salvar o filme, os produtores e Sluizer decidiram engavetar o projeto e receber o seguro.

Neste caso, a empresa seguradora ficou de posse da película e a guardou em um depósito na Inglaterra. Em 1999, o cineasta soube que a companhia iria destruir os negativos, pois não queria mais arcar com as despesas do armazenamento.

"Eu estava morando em Amsterdã e descobri que queimariam o filme em dois dias", revela o diretor após a sessão do filme em Berlim.

"Precisei ser rápido e, apesar de não poder entrar em detalhes, eu roubei o negativo das mãos deles."

DESENGANADO

Mesmo assim, Sluizer não planejava completar o longa. Após um aneurisma quase matá-lo, em 2007, mudou de ideia. "Fui desenganado pelos médicos. Era para eu estar morto, então disse que queria deixar 'Dark Blood' completo antes de morrer", confessa.

Quando o projeto ganhou sinal verde com fundos do governo holandês, recursos da própria produtora de Sluizer e dinheiro arrecadado no site de crowdfunding (financiamento coletivo) CineCrowd, o diretor decidiu substituir o vácuo das sequências de Phoenix com uma narração em off.

Houve um rumor de que Joaquin, irmão de River, faria esse complemento, mas tanto o ator quanto o cineasta negam.

"Eu ouvi falar no projeto, mas não tenho nada a ver com isso", confirmou Joaquin à Folha durante o Festival de Veneza, em setembro passado.

"A posição da mãe de River é desejar boa sorte ao filme, mas não há envolvimento da família", explica o francês.

QUESTÕES LEGAIS

A decisão é controversa, mas é o menor dos problemas de "Dark Blood". O roteiro sobre um casal (Judy Davis e Jonathan Pryce) que fica preso no deserto e encontra um sujeito (Phoenix) perturbado com a morte da mulher por envenenamento radioativo é ultrapassado e esquisito -nunca fica claro se é um drama ou um suspense.

"Quis fazer um filme compreensível, porém prazeroso ao público, mas faltava 25% do longa. Isso não posso mudar", conta Sluizer, que exibiu o projeto pela primeira vez em setembro de 2012, no Festival de Cinema da Holanda.

Por causa de questões legais com a posse dos direitos de distribuição, "Dark Blood" não pode ser lançado de forma comercial. "Não há um acordo hoje. Essa companhia de seguros possui um filme entre suas ações, prédios e hotéis. Mas eles não se importam com cultura", reclama.

"Eles não vão liberar por menos de US$ 500 milhões."


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