Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrissima

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Diário de Los Angeles

O MAPA DA CULTURA

Uma goleada no museu

Em vídeo, seleção toma 17 gols do México

O americano no elevador me pergunta para onde vou. Vou ver a exposição "Fútbol", respondo. "Curioso...", ele divaga. "É sobre american football' ou soccer'?" Basta entrar na primeira sala para ver que se trata de "soccer" (futebol em português ou "fútbol" em espanhol). A obra a receber o visitante é "Maracanã", de Nelson Leirner, único brasileiro entre os 32 artistas participantes.

Mas Pelé está lá, na serigrafia de Andy Warhol de 1978. E também os gritos da torcida do Corinthians, ecoando pelos corredores, numa grande videoinstalação de Stephen Dean. O vídeo traz imagens dos fãs nas arquibancadas como se fossem pinturas abstratas em movimento.

Quase metade dos habitantes de Los Angeles é de origem latino-americana, e a cidade é a única dos EUA a ter dois times na principal liga de futebol do país, LA Galaxy e Chivas USA. "Por que fútbol'? É uma exposição internacional. Então por que não chamá-la como a maioria do planeta chama o esporte?", explica o curador Franklin Sirmans, do Los Angeles County Museum of Art.

Sirmans cresceu jogando futebol e participou da escolinha do Pelé em Nova York, nos anos 1970, aos 8 anos. "Ele era um embaixador do esporte e aparecia para dar demonstrações. Era incrível", lembra. "Domingo era dia de ver futebol. Ou de ver exposições de arte. Meu pai me levava aos dois."

Um destaque da mostra, em cartaz até julho, é um vídeo de Miguel Calderón em que o Brasil perde para o México de 17 a 0. Na vida real, L.A. foi palco da final da Copa de 1994, quando o Brasil ganhou seu quarto título sobre a Itália.

REIS DO MAU GOSTO

O museu The Broad só abre em 2015, mas já tem programação com artistas de sua coleção. Em fevereiro, Jeff Koons foi entrevistado pelo diretor John Waters, num teatro lotado do centro. Na plateia, artistas ilustres como Ed Ruscha e Paul McCarthy. Koons, conhecido como o "rei do kitsch", e Waters, o "papa do trash", conversaram sobre inspirações e infância.

Koons contou que só virou rebelde aos 16 anos, quando começou a ouvir Led Zeppelin. Disse que não sente pressão na hora de criar: "É um exercício da liberdade", e defendeu seu estilo de produção industrial: "Tenho medo de me envolver muito fisicamente".

Waters falou pouco e arrancou risadas. "Construi minha carreira me rebelando contra regras do bom gosto", afirmou. "Durante um tempo, fui pesquisador do instituto Gallup. Batia na porta das pessoas e ninguém me atendia porque eu parecia um louco. Então inventava tudo. Aprendi assim a construir personagens."

Em 29 de maio, será a vez de Takashi Murakami e Pico Iyer. Os próximos convidados são Eric Fischl e Steve Martin (23/6), John Currin e James Cuno (14/9) e Kara Walker e Ava DuVernay (11/10).

NO RASTRO DE POLLOCK

Depois de 20 meses de restauração, a emblemática pintura "Mural", de Jackson Pollock (1912-56), está em exibição no Getty Center, um museu com os jardins e vistas mais lindas da cidade.

A obra de 1943, encomendada pela colecionadora Peggy Guggenheim para seu apartamento de Nova York, chegou ao Getty Center em 2002 para uma profunda pesquisa sobre os materiais usados pelo artista, que, à época da realização de "Mural", começava a flertar com a técnica pela qual seria reconhecido, o derramamento da tinta, ou "dripping".

Em 6 de maio, o museu organiza um simpósio sobre o trabalho. O Getty Center tem entrada gratuita e abriga diversas outras mostras, como uma nova com fotografias de Ansel Adams (1902-84).

MÁQUINA MORTÍFERA

Poucos se lembram, mas o médico americano Jack Kevorkian (1928-2011) --apelidado de Doutor Morte por defender e realizar suicídio assistido em mais de cem pacientes nos anos 90--, era também compositor, inventor, escritor e artista plástico.

Doze de suas pinturas estarão à venda numa mostra a partir desta quarta, na Gallerie Sparta, em West Hollywood. Também estará à mostra uma de suas máquinas da morte, chamada "Thanatron" (mistura das palavras gregas para "morte" e "máquina"), a ser leiloada na abertura. Kevorkian passou oito anos preso após se recusar a parar seu trabalho de eutanásia.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página