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Diário de de Washington

O mapa da cultura

Um paraninfo hip-hop

O rap "honoris causa" do doutor Puff Daddy

RAUL JUSTE LORES

O rapper e empresário Sean Combs, 44 (antes conhecido como Puff Daddy, P. Diddy, entre outros nomes artísticos) virou um dos mais comentados paraninfos desta temporada de formaturas das universidades americanas.

Ele abandonou o curso de administração de empresas no terceiro ano na Universidade Howard, em 1990, o que fez com que muita gente se perguntasse se ele seria um exemplo para os formandos, ou apenas a confirmação de que os discursos de formatura se tornaram desfiles de celebridades para "viralizar" no YouTube.

Puff Daddy, que também recebeu da universidade um título honorário de doutor, relembrou sua infância em um conjunto habitacional no Harlem, criado apenas pela mãe, e a morte do pai, numa malfadada transação de drogas. "Herdei o espírito empreendedor dele", discursou, aparentemente sem ironia.

Ele disse que os dois anos em que estudou lá foram "os melhores anos da minha vida". "Se eu tivesse ficado até o final, certamente estaria mais preparado", e disse que quem estuda ali aprende que "ninguém leva você até o início da fila, você tem que sair empurrando para chegar lá". Falou, ainda, sobre suas dificuldades financeiras para poder estudar.

Combs largou a universidade para trabalhar em uma pequena gravadora. Lançou diversos rappers, como Notorious B.I.G., antes de começar a gravar. Ele também tem linhas de roupas, rede de cinemas, restaurantes e uma produtora de cinema. É o artista mais rico do hip-hop americano, com uma fortuna de US$ 700 milhões (cerca de R$ 1,5 bi), segundo a revista Forbes, quase US$ 200 milhões a mais que o famoso Jay-Z.

A Universidade Howard foi fundada em 1867, logo após o fim da Guerra Civil americana, voltada a estudantes negros. Entre os ex-alunos estão a Nobel de Literatura de 1993, Toni Morrison, e a soprano Jessye Norman. Mesmo hoje, décadas após o fim da segregação oficial, 96% de seus 10,5 mil estudantes são negros, e 90% deles precisam de ajuda financeira e crédito universitário para estudar ali.

ÓPERA VIRAL

Outra instituição tradicional de Washington que não teme a popularização é o Kennedy Center. A ópera da cidade, com 2.200 lugares, vai abrigar no próximo dia 28 um show só com artistas "revelados" pelo YouTube e selecionados pelo cantor John Legend.

Ele também vai se apresentar e fazer duetos com o pianista Scott Bradlee, o DJ Mike Relm e os franceses Les Twins. A banda Postmodern Jukebox, de Bradlee, "viralizou" com uma versão de Miley Cyrus. O show será postado no YouTube, patrocinador do evento. Os ingressos serão gratuitos, mas só serão distribuídos uma hora e meia antes --para evitar cambistas.

RETRATO AMERICANO

Autor da mais icônica foto de Winston Churchill --para a qual teve de arrancar da boca do primeiro-ministro britânico seu charuto, a fim de conseguir um pouco de sua atenção--, o armênio-canadense Yousuf Karsh (1908-2002) tem uma grande exposição na National Portrait Gallery.

A viúva do fotógrafo, Estrellita Karsh, 83, doou cem de seus grandes retratos ao museu. Elizabeth Arden, Frank Lloyd Wright, I. M. Pei, Grace Kelly e Eleanor Roosevelt estão entre os retratados. Estrellita hoje promove exposições de arte em um hospital de Boston --com fotos de seu marido ou trabalhos de artistas jovens.

PÁGINAS DA CRISE

O debate sobre a crescente desigualdade econômica nos EUA chegou ao topo dos livros mais vendidos --da gigante Amazon à tradicional Kramerbooks, livraria no tradicional bairro de Dupont.

Três livros que encabeçam listas são "Capital no Século 21", do economista francês Thomas Piketty; "Flash Boys", sobre os atuais lobos de Wall Street, do jornalista Michael Lewis, autor do best-seller "Moneyball" (200 mil cópias em duas semanas e adaptado para o cinema); e "Fighting Chance" [chance de lutar], da senadora esquerdista Elizabeth Warren, a maior inimiga de Wall Street, que critica as políticas de resgate aos bancos após a crise de 2008.

Outro grande hit, "Stress Test", do ex-secretário do Tesouro, Timothy Geithner, um dos responsáveis pelo tal resgate, diz que, nas vezes em que foi sabatinado por Warren, "as perguntas pareciam feitas para postar na internet --não eram perguntas sérias".


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