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Diário de Guadalajara

O MAPA DA CULTURA

O silêncio sobre Bryce

15 acusações de plágio, prêmio de US$ 150 mil

SYLVIA COLOMBO

A Feira Internacional do Livro de Guadalajara, a segunda cidade mais importante do México, começou com uma grande saia justa por conta da entrega do prêmio máximo do evento ao peruano Alfredo Bryce Echenique. O autor de "Um Mundo para Julius" (Rocco) foi escolhido por um júri formado por escritores e representantes de instituições culturais mexicanas.

Acontece que Bryce Echenique, 73, vem enfrentando nos tribunais peruanos 15 acusações de plágio de textos publicados em jornais. Intelectuais e escritores mexicanos se revoltaram contra a decisão da FIL. Juan Villoro disse que era a mesma coisa que conceder a Bola de Ouro a um atleta que tivesse jogado sob o efeito de doping.

Pressionada, a feira resolveu fazer a entrega do prêmio de US$ 150 mil às escondidas, na própria casa de Bryce Echenique, em Lima, e não em Guadalajara, na abertura do evento, como manda a tradição.

Seu nome não foi mencionado e não havia fotos suas na galeria de entrada, como acontece sempre. Em vez disso, preferiu-se realizar homenagens a membros do cânone mexicano, como Carlos Fuentes, morto este ano, a veterana Elena Poniatowska ("O Massacre de Tlatelolco") e Sergio Pitol, ganhador do Prêmio Cervantes.

Bryce Echenique, em entrevista ao jornal espanhol "El País", não deixou por menos, e disse com relação a seus críticos: "Que se fodam".

JORNALISMO "ESOTÉRICO"

O chamado jornalismo literário teve lugar de destaque no evento. Autor de textos publicados nas revistas "Etiqueta Negra", "Gatopardo" e "Wow", o mexicano Gerardo Lammers, 42, lançou "Histórias del Más Allá en el México de Hoy". Com o subtítulo jocoso de "crônicas esotéricas", o livro trata-se de um trabalho jornalístico rigoroso, no qual o autor esteve mergulhado em seus temas por meses. "Creio que é essencial, com o narcotráfico se impondo no noticiário, que se escreva também sobre outros temas. O México é muito rico e diverso", disse Lammers à Folha.

É assim que surgem os entretidos textos da coletânea. Há um em que Lammers vai a Chupaderos e Durango, cidades do velho oeste mexicano onde são rodados inúmeros filmes "western". Quase nenhum habitante vai ao cinema de fato, mas muitos viram de perto estrelas como Clark Gable, Rita Hayworth, Paul Newman, Burt Lancaster, Robert Mitchum, Anthony Quinn e Sidney Poitier, e contam anedotas sobre elas.

Também há uma crônica sobre OVNIs, nascida depois que Lammers publicou um anúncio no jornal pedindo que quem tivesse visto extraterrestres o contatasse. Dos depoimentos, surgem especulações sobre por que o México é um dos campeões em relatos de objetos voadores não identificados.

JORNALISMO LIMITE

Estrela do encontro de jornalismo da FIL, e levado de um lado ao outro pelas mãos do padrinho Jon Lee Anderson, o jovem Óscar Martínez mostrou no evento seu "Los Migrantes que no Importan".

O livro reúne 14 textos que escreveu enquanto acompanhava o trajeto de migrantes ilegais centro-americanos que atravessam o México tentando entrar nos EUA. Martínez dormiu em seus acampamentos, participou das longas caminhadas e das perseguições.

Com 28 anos, o jornalista, que escreve para as revistas "Gatopardo" e "Proceso" e para o "El País", hoje é correspondente da revista digital salvadorenha "El Faro", que publicou originalmente suas histórias.

Assista a entrevista de Martínez, em espanhol, em goo.gl/msWly.

MÃES DO NARCOTRÁFICO

"Retratos de una Búsqueda" é o documentário de Alicia Calderón que vem sendo finalizado nestas semanas. A cineasta e produtora de Guadalajara termina um trabalho de compilação de testemunhos de mães que perderam filhos na guerra do governo com o narcotráfico. Segundo dados oficiais, trata-se já de mais de 50 mil mortos e 30 mil desaparecidos, desde que o ex-presidente Felipe Calderón começou as ações, em 2006.

"São mulheres que estão fazendo investigação por si mesmas, abandonadas pelo Estado, e algumas já descobriram redes internas de tráfico de escravas brancas e têm muita informação que a polícia e o Exército não possuem", conta à Folha.


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