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Análise

Projeto arquitetônico é que fornece sentido ao conceito misto

REGINA MARIA PROSPERI MEYER ESPECIAL PARA A FOLHA

A importância e o interesse pelo uso misto, funcional e programático nas edificações em São Paulo caminha de mãos dadas com duas outras questões de repercussão no modo de vida da cidade: a crítica ao ilimitado crescimento periférico e à baixa densidade populacional nos bairros já consolidados.

A associação desses três aspectos é uma aberta crítica ao zoneamento funcional, introduzido em São Paulo desde os anos 1970 e que propõe a separação das diversas atividades urbanas. Tal percepção não é consenso, mas já temos reflexões estimáveis.

A perda da vitalidade urbana, associada à ausência de diversidade de usos, tornou-se um dos motes da crítica ao planejamento ortodoxo, a partir dos anos 1960, com o livro ícone de Jane Jacobs.

Vozes vindas de outras áreas introduziram novos e poderosos argumentos. A observação empírica mostrou que o predomínio de uma única função, seja a fileira de casas unifamiliares ou de ruas perfiladas por torres de escritórios, é um fator nocivo para a qualidade da vida.

O consequente desprestígio da rua, devido à insuficiente mescla de usos, foi o ponto de partida para uma discussão pragmática.

Hoje, em São Paulo, essas questões estão na ordem do dia. A recuperação dos temas da densidade urbana e do uso misto são destaque nos discursos oficiais e nos meios técnicos e acadêmicos. Ambos passam a ser elementos centrais para alcançarmos a almejada cidade compacta.

O Plano Diretor Estratégico de 2002 comprometeu-se com o uso misto, criando zonas que cobrem cerca de 72% da cidade. Foi sem dúvida uma grande conquista. Porém, é preciso ver o que essa iniciativa está produzindo em termos concretos.

É o caso de nos perguntarmos se o uso misto, situado no interior de um megaempreendimento, onde se congregam habitação, comércios, serviços e garagens, chega a promover qualidade.

Por mais diversificado, o projeto de uma "cidadela" nunca promoverá a mistura de usos e usuários. Fica evidente que, na São Paulo contemporânea, o uso misto restrito apenas às edificações não alcança seus objetivos. Com belos exemplos, como o Conjunto Metrópole, no centro, e o Conjunto Nacional, na avenida Paulista, fica patente que é o projeto arquitetônico, consciente de sua dimensão urbana, que fornecerá ao uso misto seu pleno sentido.

Um "mall" jamais chegará a desempenhar o papel de uma rua, pois em muitos aspectos é o seu reverso.


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