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Com vitória de Estados mais pobres, reforma do ICMS avança no Senado

Manobra mantém margem para concessão de benefício na guerra fiscal

CAROLINA OMS GUSTAVO PATU DE BRASÍLIA

Em derrota dos Estados mais desenvolvidos, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou ontem nova versão do projeto do governo para a reforma do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

Por pressão dos governadores das regiões mais pobres, foram abertas brechas no texto que procura eliminar a guerra fiscal, na qual os Estados menos industrializados disputam a atração de empresas com a concessão de benefícios tributários.

Diante do conflito entre as unidades da Federação, ficou para a próxima semana a análise das propostas de modificação do projeto, que depois ainda terá de passar pelo plenário do Senado.

Para acabar com a guerra fiscal, pretende-se --ou pretendia-se-- unificar em 4%, até 2021, a alíquota do ICMS cobrada pelos Estados produtores sobre bens vendidos a outros Estados.

Hoje essa alíquota é bem mais alta, de 12% na maior parte das transações. Ou seja, se o ICMS sobre um produto é de 18%, o Estado de origem cobra 12%, e o do destino, 6%.

A regra atual estimula a concessão de benefícios, porque os Estados têm maior margem para oferecer descontos na tributação e manter parte da receita.

Para preservar em parte essas oportunidades, os Estados mais pobres conseguiram uma alíquota interestadual de 7% para artigos industrializados e agropecuários do Norte, do Nordeste, do Centro-Oeste e do Espírito Santo.

A alíquota foi mantida em 12% para produtos oriundos de áreas de livre comércio, como a Zona Franca de Manaus.

Contrário ao texto, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse ter ouvido do governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), que, se o texto for mantido, "não sobrará indústria em São Paulo".

Os Estados mais industrializados não são os únicos interessados no fim dos incentivos. Para o governo federal e especialistas, a prática prejudica a eficiência da economia e a expansão dos investimentos, ao induzir empresários a se instalar em locais inadequados.

OBSTÁCULO

Embora as alterações tenham facilitado a votação de ontem, a nova versão do projeto estabelece condições que podem dificultar, mais à frente, a reforma do ICMS.

Também atendendo a reivindicações dos governadores, ficou estabelecido que as novas regras só entrarão em vigor se uma lei complementar definir fundos de compensação aos Estados e estímulo ao desenvolvimento.

A estratégia original era criar esses fundos por medida provisória, cuja aprovação é mais simples: depende da maioria dos presentes nas votações, enquanto a lei complementar exige mais de 50% do total de deputados e senadores.

Os Estados mais ricos --São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina-- contam com apenas 22% dos senadores, mas as suas bancadas chegam a 48% da Câmara dos Deputados.


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