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Inflação fica acima do esperado e reforça percepção de resistência

IPCA de abril foi de 0,55%, acima dos 0,47% previstos; em 12 meses, índice volta para meta do BC

Analistas esperavam queda maior no preço dos alimentos; reajuste dos remédios ajudou a elevar o índice no mês

ÉRICA FRAGA DE SÃO PAULO DENISE LUNA DO RIO

A inflação ficou acima do esperado em abril e reforçou a percepção de economistas de que, mesmo com a atividade econômica fraca, os preços têm resistido a cair.

O IPCA, índice usado no regime de metas de inflação, ficou em 0,55% no mês passado, acima da expectativa de analistas e da inflação de março (ambos 0,47%).

Nos últimos 12 meses, a inflação oficial ficou em 6,49%, ainda muito próxima do teto da meta oficial (6,5%).

A queda menor do que o esperado dos preços de alimentos e bebidas --que têm tido forte impacto na inflação-- surpreendeu analistas.

A aposta era que, com a redução de tributos que incidem sobre a cesta básica, o grupo teria forte desaceleração no mês passado.

Os preços de remédios, que foram reajustados com a chancela do governo, subiram mais do que o esperado em abril, também contribuindo para o resultado geral.

RISCOS

Embora dados preliminares indiquem recuo mais acentuado da inflação de alimentos em maio, economistas acreditam que os preços de forma geral continuarão pressionados.

Para a economista Monica de Bolle, apesar de duas décadas de estabilidade de preços, a cultura inflacionária no Brasil ainda é forte.

Na opinião dela, isso faz com que períodos mais prolongados de inflação em alta --como os últimos meses-- possam levar a "aumentos defensivos" de preços.

"Minha sensação é de que o discurso contraditório do governo em relação à inflação contribui para essa tendência", afirma Monica, diretora da Galanto Consultoria e professora da PUC-Rio.

Elson Teles, economista do Itaú Unibanco, concorda que as expectativas precisam ser controladas. Para ele, a forte elevação nos preços de alimentos --que subiram 14% em 12 meses-- cria "a percepção de que a inflação é mais alta do que é de fato".

EXPECTATIVAS

O problema, segundo Monica e Teles, é que essa percepção de inflação mais alta alimenta as expectativas futuras em relação ao nível geral dos preços.

Quanto mais altas as expectativas, maior a dificuldade em fazer a inflação recuar.

Para o economista Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do BC, as projeções da inflação para 2013 deverão ser reajustadas para cima após o dado divulgado ontem. Acredita que as apostas de que o IPCA deveria fechar o ano em 5,4% subirão para 5,7%.

"A expectativa era que alimentação caísse agora, para compensar a alta dos serviços. Mas tem resistência de preços no varejo", diz Freitas, que é economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio.

Apesar da inflação mais alta do que o esperado, analistas ainda acreditam que o Banco Central manterá a cautela no ritmo de aumento de juros (que subiram 0,25 ponto percentual, para 7,5%, na reunião de abril).

A expectativa é de novo aumento de 0,25 ponto percentual na próxima semana.

Para Monica, o risco da postura cautelosa do BC é que a inflação continue pressionada e acabe forçando um aperto monetário mais forte no futuro, prejudicando o crescimento da economia.


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