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Análise emprego

Salários podem perder fôlego, mas custo do trabalho ainda é gargalo

Criação menor de vagas reduz pressão por reajuste salarial, mas impacto na inflação é dúvida

ÉRICA FRAGA DE SÃO PAULO

Os números de criação de vagas formais de emprego em abril divulgados ontem confirmam a desaceleração do mercado de trabalho.

A redução entre o saldo de contratações e demissões mostra que a demanda por trabalhadores vem perdendo fôlego. O resultado disso tende a ser reajustes salariais mais baixos e, portanto, menor pressão para a elevação de preços, principalmente dos serviços.

Embora o fenômeno possa ajudar a reduzir a inflação, a contribuição tende a ser moderada, em consequência dos persistentes gargalos na oferta de mão de obra. Existe um limite, atualmente apertado, para a contribuição do mercado de trabalho para uma inflação menor no Brasil.

Economistas projetam que a taxa de desemprego --atualmente em 5,7%-- deverá subir nos próximos meses, mas pouco, para nível próximo a 6%.

O número parece baixo considerando que o crescimento esperado da economia é de cerca de 3%.

Em 2010, quando o país cresceu robustos 7,5%, a taxa média de desemprego no ano foi de 6,7%.

Não há contradição, no entanto, na combinação dos dados de 2010 em comparação com as estatísticas atuais.

Foi justamente a queda da taxa de desemprego nos últimos anos, ou seja, a incorporação de novos trabalhadores, que viabilizou o crescimento econômico maior.

O estoque de mão de obra desocupada foi sendo absorvido na esteira das forças que contribuíam para a expansão da economia (forte demanda externa pelas commodities produzidas pelo país, aumento das concessões de crédito, maior inclusão social etc.).

O problema é que a formação educacional fraca dos trabalhadores contratados acabou se transformando em freio para o crescimento.

Quanto pior a qualificação da mão de obra, menor sua contribuição para que os setores econômicos se tornem mais produtivos.

Os salários cresceram fortemente, enquanto a produtividade (medida de eficiência) avançou pouco.

Além disso, os investimentos não deram o salto necessário para tornar o processo produtivo mais eficiente.

O resultado é que o crescimento potencial --medida de quanto o país consegue se expandir sem provocar inflação-- parece ter caído.

Isso explica porque, mesmo crescendo a uma taxa relativamente baixa, a economia brasileira continua operando no limite de sua capacidade, com um nível de mão de obra empregada alto em comparação com cenários vistos no passado e pressões inflacionárias ainda fortes.

Os salários, por exemplo, devem aumentar em ritmo menor, mas seguir em alta.

Parece haver um consenso crescente de que, para sair dessa situação de aperto, o país precisa modernizar sua infraestrutura, investir em inovação, acelerar o ritmo de avanços educacionais. Tudo isso leva tempo.


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