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Rombo nas contas externas vai a US$ 73 bi

Para economista, valorização do dólar deve ser suficiente apenas para reduzir o ritmo de crescimento do deficit

Situação aumenta dependência do pais de investimentos e empréstimos para fechar suas contas

MARIANA SCHREIBER DE BRASÍLIA

O rombo na conta de transações correntes do Brasil, que registra as trocas de bens, serviços e rendas com o exterior, atingiu novos recordes em maio.

Segundo o Banco Central, o saldo ficou negativo em US$ 6,4 bilhões no mês, o maior deficit para o período da série, iniciada em 1947.

Em 12 meses, o deficit foi de US$ 73 bilhões, equivalente a 3,2% do PIB, o maior desde julho de 2002.

O deficit em conta-corrente aumenta a dependência do país de investimentos e empréstimos externos. Apesar da forte valorização do dólar no último mês, economistas não acreditam numa reversão do saldo negativo.

Para o economista do BES investimento Flavio Serrano, o dólar mais caro deve segurar um pouco os gastos dos brasileiros com viagens internacionais e vai diminuir o valor das remessas de multinacionais para o exterior, mas isso deve ser suficiente apenas para reduzir o ritmo de crescimento do rombo.

Segundo ele, o impacto do encarecimento do dólar nas importações demora no mínimo um ano e depende de em que patamar a moeda vai se estabilizar.

Monica de Bolle, da Galanto Consultoria, acredita que o aumento da inflação por causa do dólar mais caro pode anular o ganho de competitividade das exportações brasileiras devido à desvalorização do real.

O comportamento dos preços no Brasil vai depender, afirma ela, de quanto será o aumento dos juros e da contenção de gastos do governo.

"Com essas manifestações, fica mais difícil o governo cortar gastos, pois é uma medida impopular."

Devido aos números do início do ano, o BC aumentou sua projeção para o deficit em conta-corrente neste ano para US$ 75 bilhões. A previsão anterior era de US$ 67 bilhões.

Essas transações incluem as trocas comerciais de bens e serviços, como viagens e aluguéis de equipamentos, mais as transferências de renda, como remessa de lucros e pagamento de juros.

Segundo o BC, o aumento da projeção de deficit para o ano foi puxado principalmente pela redução do saldo comercial, que passou de US$ 15 bilhões para US$ 7 bilhões.

VIAGENS

Outro fator que tem peso importante no deficit é o gasto recorde de brasileiros no exterior de US$ 10,4 bilhões no acumulado do ano.

Sobre os reflexos da disparada recente do dólar nessas despesas, Maciel observou que o impacto do câmbio nas decisões de viagem ocorre com certa defasagem.

"Muitos pacotes são comprados antecipadamente, as pessoas se programam para isso. Não necessariamente há uma resposta imediata."

Em compensação, a previsão para o saldo positivo na conta capital e financeira, que registra entrada e saída de recursos para investimentos produtivos e financeiros, foi elevada de US$ 77,5 bilhões para US$ 84,5 bilhões.

Se confirmada, será a primeira vez, desde 2001, que esses recursos não devem cobrir totalmente o rombo na conta-corrente.


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