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Análise

Europa pode ser obscurecida por nuvem dos emergentes

Efeitos do ajuste na política monetária dos EUA estão apenas no começo

RALPH ATKINS DO "FINANCIAL TIMES"

No começo deste ano, os mercados emergentes não faziam parte das preocupações de investidores. No topo da lista estavam os problemas fiscais dos Estados Unidos, a longa crise na zona do euro e a aterrissagem da economia chinesa.

Ninguém estava considerando o que aconteceria caso essas ameaças não se concretizassem. As tempestades financeiras que agora atingem as economias em desenvolvimento são a resposta.

Com os EUA registrando crescimento firme, o Fed (banco central americano) deseja reduzir as compras de ativos, que estimulavam a economia, já no mês que vem.

Como resultado, houve queda nos preços dos títulos (e correspondente alta de rendimentos) nos mercados desenvolvidos --e forte reversão dos fluxos de capital que iam para os emergentes.

Os mais prejudicados foram os que mais dependem desse capital --os que precisam financiar deficit considerável em conta-corrente.

Boa parte do que ocorre nos emergentes resulta de fatores internos, como decisões políticas aparentemente insensatas.

Também é verdade que os investidores já se haviam desapaixonado das ações de emergentes muito antes que o Fed indicasse mudanças. Mas, no mínimo, isso agravou a onda de vendas.

As saídas de capital dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) de 22 de maio para cá foram equivalentes a cerca de um terço do capital sob administração dos fundos que existem lá. Isso equivale a apenas 4% de saída de capital entre o começo do ano e o anúncio de Bernanke.

Além disso, há uma relação clara entre a dimensão dos atuais deficit em conta-corrente e a extensão em que os países vêm sendo prejudicados pela turbulência.

MAIS FRACOS

As ações europeias estão se beneficiando, mas ainda estamos no começo da mudança de política americana, e seus efeitos se espalharão --possivelmente até aos países europeus mais fracos.

A lição da história econômica é temível: quando os fluxos de capital se revertem, as consequências são muitas vezes abruptas e dolorosas.

E os países superavitários tampouco estão imunes; quando os fundos de mercados emergentes precisam gerir súbitas e vultosas saídas de capital, veem-se forçados as vender ativos mais líquidos e de maior qualidade --e os efeitos se espalham.

Estamos apenas no início de um longo ajuste da política monetária dos EUA --com efeitos difíceis de prever.


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