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Mais estável, novo Ibovespa foca bancos e commodities
Termômetro do mercado de ações será mais concentrado em gigantes
Desempenho do índice seguirá fraco, mas terá menos oscilação e mais previsibilidade, segundo analistas
Saem as empresas X, do empresário Eike Batista, e as ações com preço menor do que R$ 1. Ganham peso no novo Ibovespa, principal termômetro do mercado brasileiro de ações, os bancos, as varejistas e empresas gigantes como AmBev.
Esse é o quadro que se desenha para a composição do Ibovespa a partir do ano que vem, que será ainda mais concentrado nas ações da Vale e da Petrobras, produtoras de commodities primárias (petróleo e minério de ferro) e donas dos papéis mais negociados no Brasil desde o fim dos anos 90.
Hoje, os papéis da mineradora respondem por cerca de 10,7% do Ibovespa. A partir de maio, subirão para a casa de 12,3%, segundo simulações do mercado. Já as ações da estatal Petrobras, que perderam 38,2% do valor (ações preferenciais) desde a oferta pública de 2010, passarão dos atuais 10,5% para perto de 14% do índice.
Além do volume negociado dos papéis (quanto mais uma ação é transacionada maior o peso no índice), a metodologia do novo Ibovespa privilegia agora o valor de mercado das empresas (soma do preço de todas as ações) e a quantidade de papéis efetivamente disponíveis para compra e venda na Bolsa --ou seja, fora das mãos dos controladores e dos investidores de longo prazo, como os fundos de pensão.
Reivindicação antiga do mercado, o novo Ibovespa será implantado em duas fases: de janeiro a abril, será um mix da antiga e da nova metodologias; a partir de maio, vigoram as mudanças de fato.
MUDANÇA DE PESOS
Nas simulações do banco Credit Suisse, o peso do setor financeiro sobe de 21% para 40%, enquanto as construtoras encolhem de 10% para 3%. As ações do setor de consumo sobem de 11% para 18% na nova metodologia.
"Será um índice mais concentrado e representativo dos negócios com as grandes empresas do país. Diminuirá as distorções", disse Lucas Mello, do Crédit Suisse.
Por outro lado, o Ibovespa deixará de captar o desempenho de ações fora do foco dos investidores, como das empresas de médio porte, que costumam ter desempenho --e risco-- superior ao das grandes empresas.
Neste ano, o índice Midlarge Cap (médias para grandes empresas) da Bolsa caiu 0,4%, enquanto o Ibovespa recuou 12,8%.
"Se por um lado, não captará o ganho maior de empresas menores; por outro, não correrá o risco como o das empresas X. O Ibovespa será mais estável e previsível", disse Marcelo Torto, analista da Consultora Ativa.