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Crítica Economia Internacional

Ex-presidente do Fed escreve sobre crise e erros de previsão

Alan Greenspan diz que irracionalidade de investidor não foi considerada

BINYAMIN APPELBAUM DO "NEW YORK TIMES"

Alan Greenspan, que ocupou o cargo de presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) entre 1987 e 2006, escreve o que vem pensando sobre bolhas desde a crise financeira de 2008 em seu novo livro, "The Map and the Territory" ("O Mapa e o Território").

Especificamente, tenta entender por que ele e tantos outros especialistas não conseguiram antever a bolha da habitação que levou a crise.

O erro, escreve, é que os especialistas tenham tratado os seres humanos como racionais nas decisões que tomam.

Mas Greenspan vê um caminho para continuar avançando. Os seres humanos, ele escreve, são irracionais de maneiras previsíveis. O que os economistas definem como "vigor animal" pode ser incorporado aos modelos econômicos.

É uma visão promissora. E poderia até bastar para um livro interessante, Mas o tema mal sustenta a atenção de Greenspan por um capítulo.

O resto do livro é dedicado a uma turnê pela história econômica recente, pontuada por receitas conservadoras de política econômica.

Greenspan tem raro talento para enquadrar tendências econômicas. Escreve que o valor da produção econômica dos Estados Unidos aumentou dos anos 70 para cá, mas seu peso total não.

A afirmação é literal: se todos os produtos "Made in the USA" em 2013 fossem colocados numa balança gigante, o peso seria mais ou menos igual ao de todos os produtos "Made in the USA" em 1977. É difícil imaginar uma ilustração mais vívida para dizer que os Estados Unidos estão se tornando uma "economia do conhecimento".

A explicação de Greenspan para a crise é feita de peças previsíveis: ele culpa o governo por encorajar o crédito imobiliário de alto risco ("subprime"), mas absolve o Fed pela política de taxas baixas de juros que a instituição tinha em vigor.

Escreve que a crise poderia ter sido prevenida por padrões mais severos de capitalização, que limitariam a instável dependência das instituições financeiras quanto a dinheiro emprestado. Mas não explica que, sob seu comando, o Fed desempenhou papel de liderança na criação de regras que permitiam aos bancos ditar seus níveis de capitalização, com os resultados previsíveis.

CRESCIMENTO

A parte mais provocante do livro é a afirmação de Greenspan de que os gastos do governo com a Previdência Social, o programa federal de saúde Medicare e outros programas de benefícios são o motivo para que a economia norte-americana tenha crescido mais devagar nas últimas décadas.

Ele escreve que a tributação dos domicílios de renda mais alta está reduzindo a capacidade deles para investir em novas ideias, novas máquinas e novas edificações.

Segundo ele, os norte-americanos precisam escolher entre uma sociedade de dependência quanto ao governo ou uma sociedade baseada na autonomia dos cidadãos.

Greenspan sugere que a falta de inovação pode ser resolvida com investimentos. No entanto, não há prova que a economia norte-americana esteja sofrendo de falta de financiamento. Embora os norte-americanos estejam poupando menos, o resto do mundo alegremente despeja dinheiro em sua economia.

Além disso, a tributação não pode ser o motivo para que os norte-americanos estejam poupando menos. O "New York Times" mostrou no ano passado que a maioria dos domicílios pagou menos impostos em 2010, levando em conta sua renda ajustada pela inflação do período, do que pagou em 1980. Os ricos só pagam mais impostos porque estão ganhando mais dinheiro.

THE MAP AND THE TERRITORY - RISK, HUMAN NATURE, AND THE FUTURE OF FORECASTING
AUTOR Alan Greenspan
EDITORA Penguin Press
QUANTO US$ 14,99 na Amazon (R$ 33, 400 págs.)


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