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Custo cresceu 43% e obra deve perder o prazo
DE BRASÍLIA DE BELO HORIZONTEO confuso processo de licitação feito pela Valec para compra de trilhos para a Ferrovia Norte-Sul gerou até agora dois fatos indesejados: o preço da operação já subiu 43% e as chances da obra ser concluída dentro do prazo são cada vez menores.
Em 2011, na primeira tentativa de licitar os trilhos para o trecho da ferrovia entre Goiás e São Paulo, a Pangang ganhou a concorrência com preço de R$ 2.957 por tonelada, um desconto de 11% sobre o preço máximo fixado pelo governo no edital.
Nessa licitação, o material --que também atenderia a Ferrovia Oeste-Leste-- seria entregue na obra. A licitação acabou sendo cancelada depois de investigação do TCU.
Na concorrência feita em 2012, o preço-teto já estava em R$ 3.328 por tonelada, mas as empresas inscritas não fizeram lances, anulando a licitação.
Nesse edital já não havia a previsão de transporte dos trilhos até o local da obra. A entrega seria feita no porto.
O preço aumentou porque os trilhos são cotados em dólar. Como a moeda americana se valorizou frente ao real nesse intervalo de tempo, a previsão de gasto com essa compra também cresceu.
CONTRA O TEMPO
Na atual concorrência, o preço-teto fixado foi de R$ 4.302 por tonelada. O desconto de apenas 2% dado pela RMC Participação --a primeira colocada-- deixou o valor da tonelada em R$ 4.217, com entrega do produto no porto.
Com isso, o custo inicial dos trilhos para esse trecho da Norte-Sul passou de R$ 282 milhões para R$ 403 milhões, um salto de 43%.
A Valec ainda terá que fazer outra concorrência para levar os trilhos do porto até o local da obra.
O drama do governo é que, se o equipamento não for encomendado logo, a Norte-Sul não ficará pronta em junho de 2014, como está previsto no último balanço do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Quando esse trecho da obra foi licitado, a previsão inicial do governo era entregá-lo em 2012.