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Volume de compras encolhe e pesquisa de preços aumenta

Pela primeira vez desde 2008, consumidor adquire menos bens de consumo não duráveis, mostra Nielsen

Hábito de comparar preços disparou; aumento foi maior entre consumidores de baixa renda

DE SÃO PAULO

Pesquisa de preços e corte de gastos ocupam a rotina de consumidores que sentem os efeitos da inflação alta.

Levantamento feito pelo instituto Data Popular mostra que o hábito de comparar preços teve uma escalada.

O avanço ocorreu em todas os grupos sociais, mas foi mais significativo nas classes C e D/E, nas quais a fatia de entrevistados que declarou pesquisar preços saltou de cerca de metade do total em março para aproximadamente 65% em setembro.

"Esse é o reflexo que já capturamos da conjuntura econômica menos favorável", disse Renato Meirelles, presidente do Data Popular.

O instituto ouviu 1.800 consumidores em 40 cidades de todo o país em setembro.

Quem não tem conseguido ajustar as contas pesquisando preços vem apelando para a redução de despesas.

O volume de bens de consumo não duráveis que compõem a cesta acompanhada pela consultoria Nielsen encolheu 2,6% no primeiro semestre deste ano.

Foi a primeira queda registrada nos primeiros seis meses de um ano desde, pelo menos, 2008. O valor dos bens monitorados (descontada a inflação) teve avanço pequeno de 1,9% no primeiro semestre.

"O consumidor está mais apertado, mais endividado e está sendo forçado a fazer escolhas", diz Ilo Souza, analista de mercado da Nielsen.

Segundo a consultoria, a busca pelos chamados atacarejos (que vendem quantidades maiores a preços mais baixos) aumentou muito.

TROCA DE MARCA

A garçonete Rosimeire Conceição, 28, que mora em Candeias (Bahia), foi uma que passou a fazer compras em atacarejos. Os descontos conseguidos ajudam, mas não têm sido suficientes para equilibrar o orçamento.

Por isso, ela também começou a substituir marcas em algumas categorias específicas. "Gosto de Omo e Brilhante. Mas quando não dá, compro Minuano, Ala, Ypê", diz.

Rosimeire conta ainda que parou de comprar eletrodomésticos e móveis e interrompeu a obra da lage: "A mão de obra ficou muito cara".

Os cortes no orçamento não se restringem a consumidores de baixa renda.

Há um ano, a produtora audiovisual independente Joyce Martirani, 37, tinha três ajudantes domésticos (faxineira, cozinheira e babá) e viajava pelo menos uma vez por mês para o litoral ou interior de São Paulo, ficando em hotéis com a família.

Mas o aumento do custo de serviços e alimentos, somado à redução do volume de trabalho e à queda da renda mudou a rotina familiar.

As aulas de balé e música das filhas foram cortadas, junto com as idas frequentes a restaurantes. A babá e a faxineira foram dispensadas. E as compras de supermercado ficaram mais racionais.

"Passamos a nos preocupar com ofertas", diz Martirani. "Continuamos comprando carne de primeira, mas uma vez por mês, para o mês inteiro, no dia da promoção mensal do Pão de Açúcar", diz ela. "Antes a gente comprava toda semana, com o preço do dia."

PRESSÃO

Para o economista Luiz Roberto Cunha, a combinação entre inflação alta em alimentos e serviços sufocou o orçamento familiar. "O aumento da renda vinha gerando há algum tempo pressão nos preços de serviços. A alta dos alimentos a partir de 2012 piorou esse cenário", diz Cunha, que é professor da PUC-Rio.

Segundo economistas, a redução dos aumentos salariais acima da inflação tem contribuído para a necessidade de ajuste orçamentário das famílias. Daqui para a frente, a situação dos consumidores dependerá da tendência dos preços e do mercado de trabalho. (EF E MB)


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